Bitcoin: segurança que não depende de confiança
Produzido dia 11 de agosto de 2025

Escrito por Caio Leta
Se eu te dissesse que o sistema mais seguro da história não tem dono, nem servidor central? Que ele é resistente a ataques de hackers, governos e corporações. Não porque este sistema confia e depende de alguém, mas justamente porque ele não precisa?
Esse sistema existe.
Desde que foi lançado, em 2009, o Bitcoin já movimentou trilhões de dólares e resistiu a tudo: bugs, guerras, banimentos, ataques jurídicos, campanhas de difamação e até tentativas de ataques de governos. Mas como isso é possível?
A resposta está na arquitetura do protocolo. O Bitcoin foi desenhado para ser resistente à censura, resiliente à falhas e, principalmente, impossível de ser alterado sem o consenso global da rede.
Neste Bipa Pills, vamos explorar os números por trás dessa segurança. Para isso, vamos falar de:
Para isso, vamos falar sobre:
- A segurança das carteiras privadas
- Como a mineração de Bitcoin protege a rede
- O custo de atacar a rede Bitcoin
- Como a descentralização ajuda na segurança
- Outros dados que ilustram a segurança do Bitcoin
Então pegue seu café e boa leitura!
Segurança das carteiras privadas: o poder da entropia
A segurança de uma carteira de Bitcoin não depende de uma senha fraca como “123456” ou do nome do cachorro de infância. Ela depende da entropia, ou seja, da imprevisibilidade matemática, de uma sequência de palavras geradas aleatoriamente, chamada seed phrase, muitas vezes chamada somente de seed.
Qual é a chance de alguém adivinhar uma carteira de Bitcoin? Mesmo se todos os supercomputadores do mundo se unissem para tentar “quebrar” uma seed aleatória via tentativa e erro testando variações de seed phrases, eles ainda levariam muito tempo para ter alguma chance de encontrar uma carteira em específico. Quanto tempo? Vamos aos números.
Tanto seeds de 12 quanto de 24 palavras são extremamente seguras, entretanto, a diferença entre elas é exponencial, refletindo-se diretamente na entropia de cada uma: a de 12 palavras oferece 128 bits de entropia, o que corresponde a cerca de 3,4 × 10³⁸ combinações possíveis, enquanto a de 24 palavras atinge 256 bits, resultando em impressionantes 1,16 × 10⁷⁷ combinações. Na prática, isso significa que a seed de 24 palavras é mais de 10³⁸ vezes mais difícil de quebrar do que a de 12 palavras.
Mesmo assim, a seed de 12 palavras já é extremamente segura. Suponha que um invasor disponha de supercomputadores capazes de testar 1 trilhão (10¹²) de combinações por segundo, algo muito além do que a tecnologia atual permite. Ainda assim, para cobrir todas as combinações possíveis de uma seed de 12 palavras, ele levaria cerca de 10²⁶ segundos, o que equivale a mais de 3 trilhões de vezes a idade do universo. Para uma seed de 24 palavras, o tempo necessário seria tão absurdamente maior que sequer pode ser concebido em termos físicos viáveis. Portanto, embora a seed de 24 palavras ofereça uma margem de segurança extrema, a de 12 palavras já é consideravelmente segura para uso prático no presente, desde que armazenada corretamente e protegida contra engenharia social, vazamentos ou backups inseguros.
Em comparação, ganhar na Mega-Sena (a principal loteria do Brasil) com uma aposta simples (6 números entre 60) tem uma chance de 1 em 50.063.860. Isso é uma probabilidade ínfima — mas ainda assim incomparavelmente maior do que adivinhar uma seed phrase. Para efeito de comparação, a chance de acertar uma seed de 12 palavras é algo como ganhar na Mega-Sena mais de 10³⁰ vezes seguidas.
Em outras palavras, uma seed phrase de uma carteira bem criada e bem guardada é, de fato, inquebrável por qualquer tecnologia atual ou previsível no horizonte tecnológico. Ou seja, o elo fraco nunca será o protocolo e sim erros de usuários que não seguem as boas práticas relacionadas a auto custódia. O usuário é o principal vetor de ataque e risco e seguir boas práticas de custódia é fundamental para minimizar os riscos. Por exemplo: é o usuário que opta em escrever a seed num bloco de notas do ou fez backup no Google Drive ou escrever em um papel e guardar ele dentro de um livro. E para quem não sabe: você NUNCA deve armazenar a sua seed de forma digital. Google Drive, foto na galeria do celular ou bloco de notas estão vetados.
Por isso, aqui na Bipa, a gente sempre repete: quem guarda bem, dorme bem.
A fortaleza computacional da mineração
Se a sua carteira é protegida por pura matemática, a rede como um todo é protegida por energia elétrica transformada em segurança digital.
Atualmente, a rede do Bitcoin já ultrapassou a marca de 1 zetahashes por segundo (ZHEH/s). Esse número é tão absurdo que precisa de tradução:
1 Zetahash = 1 sextilhão de tentativas por segundo.
Ou seja, a rede do Bitcoin está realizando mais de 1.000.000.000.000.000.000.000 (1 sextilhão) de cálculos por segundo, uma escala tão absurda que supera em múltiplas ordens de magnitude a soma de todos os supercomputadores do planeta. Nenhuma outra infraestrutura computacional chega perto dessa capacidade bruta.
Vamos colocar em perspectiva o poder computacional da rede Bitcoin comparando-o com algumas das maiores infraestruturas de computação do mundo:
Plataforma | Poder Computacional Aproximado | Tipo de Operação | Operações por Segundo | Consumo de Energia Estimado |
---|---|---|---|---|
Google Cloud | ~5 milhões de núcleos de CPU | Floating-point (FP) | ~5×10¹⁵ operações/s* | ~0,5 TWh/ano |
Amazon AWS | ~20 milhões de vCPUs | FP + general-purpose | ~2×10¹⁶ operações/s* | ~1–2 TWh/ano |
Summit Supercomputer | ~200 petaflops | Floating-point (FP) | ~2×10¹⁷ operações/s | ~13 MW (~0,11 TWh/ano) |
Bitcoin Network | 1 ZH/s = 1×10²¹ SHA-256 hashes/s | Hashing (SHA-256) | 1×10²¹ operações/s | ~180 TWh/ano |
* Estimativas baseadas em 1 a 2 operações por ciclo de CPU, com frequência média de ~2 GHz.
A rede Bitcoin atualmente realiza cerca de 1 sextilhão (10²¹) de operações de hashing por segundo, superando em ordens de magnitude o desempenho computacional de qualquer supercomputador ou provedor de nuvem existente. Para efeito de comparação, o Summit, um dos supercomputadores mais poderosos do mundo, atinge cerca de 2×10¹⁷ operações por segundo, enquanto AWS e Google Cloud somam cerca de 10¹⁶ a 10¹⁷ operações por segundo, combinando todos os seus milhões de CPUs.
Mesmo gigantes como AWS e Google Cloud, com dezenas de milhões de CPUs e vCPUs, estão em uma escala mais de 10.000 vezes inferior ao volume de operações por segundo da rede Bitcoin, ou seja, bilhões de vezes menos poderosas no que diz respeito ao tipo específico de operação que o Bitcoin executa (hashes SHA-256), de forma redundante, ininterrupta e descentralizada.
Para entender melhor essas grandezas: um petaflop representa 1 quatrilhão (10¹⁵) de operações matemáticas por segundo, otimizadas para cálculos científicos. Já um hash é uma operação criptográfica que transforma qualquer entrada de dados em uma assinatura digital única. O Bitcoin realiza trilhões dessas operações a cada segundo para garantir que cada bloco seja validado com integridade. Seu foco não é complexidade algébrica, mas volume massivo de validação criptográfica, que é a base da sua segurança.
Esse imenso poder computacional não é à toa: a rede consome entre 140 e 180 TWh por ano, comparável ao consumo de energia de países como Argentina ou Suécia. Esse gasto é proporcional ao valor que o Bitcoin protege: um sistema financeiro global, neutro, resistente à censura e imune ao controle centralizado.
Em termos objetivos, nenhum outro sistema no planeta combina escala, segurança e descentralização como o Bitcoin. Ele não tem dono, não responde a governos ou empresas, e nenhum agente individual pode controlá-lo. Seu poder computacional é um escudo, não contra bugs ou falhas, mas contra a manipulação e o controle arbitrário. É, por design, a infraestrutura mais robusta, confiável e neutra que já existiu.
Descentralização radical: sem servidor, sem dono, sem ponto de falha
Quando a gente fala que o Bitcoin é descentralizado, não é só uma frase bonita de marketing. Isso tem implicações diretas na segurança da rede Bitcoin. Enquanto sistemas tradicionais como bancos, provedores de nuvem (Google Cloud, AWS) ou mesmo redes sociais funcionam em servidores centralizados, que podem ser invadidos, derrubados ou manipulados, o Bitcoin não tem um servidor central que age como centro nervoso.
Cada nó da rede (são dezenas de milhares espalhados pelo mundo) mantém uma cópia completa da blockchain. Isso significa que, se um país censura ou bloqueia o acesso, os nós em outros países continuam operando. Se uma atualização maliciosa for lançada, os nós simplesmente não atualizam. Se um bug crítico for descoberto, ele não se propaga automaticamente como em softwares centralizados, só vira regra se houver consenso real entre os participantes. Nenhuma atualização é obrigatória. No Bitcoin, o usuário tem soberania. Se você quiser continuar rodando a versão original do protocolo, você pode. Isso impede que mudanças arbitrárias (como inflacionar a moeda, mudar regras de validação ou congelar saldos) sejam impostas à força pela vontade de uma minoria, seja ela uma empresa, um governo ou um desenvolvedor famoso.
Esse modelo radicalmente descentralizado também cria uma barreira jurídica poderosa. Ao contrário de protocolos criados e controlados por empresas ou fundações, que possuem escritórios, CNPJs, e fundadores conhecidos, o Bitcoin não possui uma entidade formal responsável, nem um ponto central de litígio. Isso significa que não há uma empresa para processar, um CEO para prender, nem um código-fonte que possa ser censurado por uma ordem judicial. Os criadores do protocolo não têm mais controle sobre a rede e, juridicamente, ninguém pode ser responsabilizado por decisões tomadas de forma distribuída e consensual por milhares de participantes anônimos ao redor do mundo. É justamente essa ausência de controle central que torna o Bitcoin não apenas resistente à censura técnica, mas também à censura legal e geopolítica.
Em síntese, não existe um servidor para invadir, um CEO para prender, ou um botão para desligar o Bitcoin. A rede continua, indiferente às vontades de governos, empresas ou indivíduos, porque ela é um protocolo livre, resistente e descentralizado por design. Dai que vem a frase que os bitcoiners repetem “o bloco não se importa", ilustrando como a rede continuará funcionando independentemente de fatores externos.
Outras provas em números de que o Bitcoin é o sistema mais resiliente do mundo
Além da força bruta da mineração e da segurança das carteiras, o Bitcoin carrega um histórico que nenhum outro sistema digital da história conseguiu igualar. Veja alguns exemplos que merecem destaque:
Tempo de atividade (uptime): 99,986% desde 2009
O Bitcoin está operando há mais de 5.800 dias com apenas dois incidentes técnicos em sua história, ambos corrigidos rapidamente com consenso da comunidade.
Para efeito de comparação:
A Amazon Web Services já teve quedas que afetaram milhões de sites simultaneamente.
Facebook, Instagram e até o sistema bancário do Brasil têm instabilidades com frequência.
Blockchains centralizadas como a Solana apresentam quedas frequentes.
Resistência à censura: até via rádio e satélite
Mesmo que você esteja em um país com internet bloqueada, é possível realizar transações com o Bitcoin.
Prova disso é o fato que transações já foram transmitidas com sucesso via satélite (por meio do serviço da Blockstream), rádio amador (com antenas e modulação analógica) e até mesmo código Morse
Sim, é possível enviar Bitcoin como se fosse uma mensagem da Segunda Guerra Mundial. Não tem firewall, ditador ou desastre natural que derrube uma rede com tantas formas de acesso.
Backups eternos: todo o histórico cabe num HD
Hoje, a blockchain do Bitcoin tem cerca de 600 GB.
Isso significa que qualquer pessoa no mundo pode baixar, verificar e auditar o histórico completo da rede, do primeiro bloco minerado por Satoshi até o último satoshi transferido.
Verificabilidade pública: transparência radical
Qualquer pessoa pode ver:
O total de moedas emitidas (vai parar em 21 milhões, sem surpresas)
Quantas moedas estão em cada endereço
Todas as transações já feitas na história da rede
É o sistema financeiro mais auditável já criado e ninguém precisa de permissão para verificar.
Quando a gente fala que o Bitcoin é seguro, não é uma opinião. É matemática, engenharia e antifragilidade em forma de código.
O Bitcoin é extremamente seguro. Uma carteira protegida por uma seed bem guardada é praticamente inquebrável e sua arquitetura é tão descentralizada que não pode ser atualizada à força, nem desligada por decreto.
Estamos falando de uma tecnologia que já sobreviveu a tudo: governos hostis, falhas humanas, quedas de preço de 80%... e ainda assim está mais viva, mais forte e mais adotada do que nunca.
Tudo isso torna o Bitcoin o sistema mais seguro de preservação de valor já criado pelo ser humano.
E o melhor?
Você não precisa pedir permissão a ninguém para usá-lo. Não precisa confiar em banco, corretora, aplicativo ou governo. Só precisa entender que o maior risco não é o sistema — é você esquecer de fazer o backup da sua seed.
Então se tem uma lição aqui, ela é simples:
A segurança do Bitcoin está pronta. A pergunta é: você está?
Na Bipa, a gente acredita em soberania digital de verdade. Por isso, oferecemos saques gratuitos e incentivamos a auto custódia. Se o Bitcoin é o ativo mais seguro da história, ele merece o lugar mais seguro do mundo: nas suas mãos.
Por essa semana é só, bom final de semana e até o próximo Bipa Pills
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