Queda de juros no horizonte?

Produzido dia 25 de agosto de 2025

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No Bipa Pills de hoje, vamos comentar como a mudança na taxa de juros do FED, o banco central americano, influencia o preço do Bitcoin.

Para isso, vamos falar sobre:

  • Como os juros influenciam no mercado?
  • Por que os juros americanos são relevantes no Brasil?
  • Qual a perspectiva dos juros para o futuro próximo?
  • Histórico: o que aconteceu com o Bitcoin das últimas vezes que o FED baixou os juros?
  • O que isso pode significar para o seguimento do ciclo do Bitcoin?

Então pegue seu café e boa leitura!

Como os juros influenciam no mercado?

Os juros podem ser entendidos como o “preço do dinheiro”. Essa taxa, definida pelos bancos centrais, afeta praticamente todas as engrenagens da economia. Quando os juros estão altos, tomar crédito fica mais caro: empresas reduzem investimentos, famílias adiam compras maiores (como imóveis e carros) e investidores tendem a preferir a renda fixa, que oferece retornos atrativos sem risco. Nesse cenário, sobra menos liquidez para ativos mais voláteis, conhecidos como ativos de risco, como ações, fundos imobiliários e o Bitcoin. É como se o Banco Central apertasse a válvula de uma torneira: menos água (dinheiro) circula no sistema.

Por outro lado, quando os juros caem, o custo do crédito diminui. Empresas conseguem financiar expansões com mais facilidade, consumidores voltam a gastar e investidores passam a buscar alternativas de maior retorno em ativos de risco. Essa mudança abre a torneira da liquidez e incentiva o crescimento econômico. Historicamente, esse movimento também impulsiona os mercados financeiros, já que a busca por retorno leva parte do capital para ações, imóveis e, cada vez mais, para o Bitcoin.

Em poucas palavras: as taxas de juros não são apenas um detalhe técnico da economia, mas o grande maestro que dita o ritmo dos mercados. Quando caem, dão vida a ciclos de crescimento e valorização; quando sobem, esfriam os ânimos e apertam a liquidez global.

O contrário também acontece. Em 2020, quando o Federal Reserve (FED), o banco central americano, reduziu os juros a zero, vimos uma avalanche de capital buscando retorno fora dos EUA. Esse movimento beneficiou o Brasil, que recebeu fluxos para a B3 e para títulos de renda fixa locais, ajudando a valorizar o real e impulsionando ativos de risco. Já em 2022 e 2023, quando o FED subiu os juros de forma agressiva, o Brasil sentiu o efeito contrário: saída de dólares, pressão sobre o câmbio (o dólar saiu de R$ 4,60 em abril de 2022 para R$ 5,60 em alguns momentos de 2023) e necessidade de manter nossa própria taxa Selic em patamares elevados para segurar a inflação e evitar fuga de capital.

Por que os juros americanos são relevantes no Brasil?

Os Estados Unidos são, há décadas, o coração do sistema financeiro global. O país possui o maior PIB nominal do planeta, na casa de US$ 28 trilhões, contra pouco mais de US$ 2,3 trilhões do Brasil — uma diferença de mais de 12 vezes. Quando olhamos para os mercados de capitais, o contraste fica ainda mais evidente: a capitalização somada das bolsas americanas (NYSE + Nasdaq) supera US$ 50 trilhões, enquanto a B3, como a bolsa brasileira é conhecida, gira em torno de US$ 1,1 trilhão.

Outro ponto crucial é o papel do dólar. Ele não é apenas a moeda dos Estados Unidos, mas a moeda de reserva global. Mais de 80% do comércio internacional, que somou cerca de US$ 31 trilhões em 2023, utiliza o dólar em suas transações, e cerca de 60% das reservas internacionais dos bancos centrais do mundo, em um total aproximado de US$ 12,3 trilhões em 2024, estão denominadas nessa moeda. Além disso, aproximadamente 50% a 60% de toda a dívida externa dos países, estimada em torno de US$ 76 trilhões, também é emitida em dólar, o que significa que governos, empresas e bancos ao redor do planeta dependem diretamente do custo de financiamento atrelado à moeda americana. Isso significa que quando o FED altera os juros, ele está mexendo não apenas na economia doméstica, mas no custo de financiamento global.

Na prática, quando os juros americanos sobem, os títulos do Tesouro dos EUA passam a pagar mais, e como os Estado Unidos é considerado um ótimo pagador da sua dívida, esses títulos são considerados de altíssima segurança e são usados considerados os ativos livre de risco do sistema financeiro atualmente. Isso atrai capital do mundo inteiro. Com os juros mais altos, investidores institucionais que antes alocavam recursos em mercados emergentes, como Brasil, México ou Índia, preferem repatriar esse dinheiro para os EUA. Este movimento é conhecido no mercado como “fly to safety” (“voo para a segurança”). O resultado imediato é a desvalorização das moedas emergentes frente ao dólar, pressão inflacionária importada (já que pagamos mais caro por combustíveis, alimentos e insumos em dólar) e aumento do custo de financiamento das empresas locais.

Podemos pensar da seguinte forma: se a economia global fosse uma orquestra, o FED seria o maestro. O Brasil até pode tocar seus instrumentos, mas se a batuta americana dita um ritmo mais rápido (juros baixos) ou mais lento (juros alto), não temos escolha a não ser nos ajustar para continuar na sinfonia. Essa é a realidade dos países emergentes e neles o reflexo é intenso e imediato tanto para os governos, quanto para as empresas e investidores individuais.

Os juros americanos desde 2000

A trajetória dos juros do FED entre 2000 e 2025 mostra como a política monetária norte-americana respondeu a choques globais, crises financeiras e pressões inflacionárias.

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No início dos anos 2000, após o estouro da bolha das ponto.com, o FED reduziu a taxa de juros de cerca de 6,5% em 2000 para aproximadamente 1% em 2003, buscando estimular a economia. Com a retomada do crescimento, iniciou um ciclo de altas entre 2004 e 2006, levando a taxa novamente para 5,25%.

Em 2007–2008, com a crise financeira global, houve uma nova guinada brusca: o FED cortou os juros de 5,25% para quase 0%, inaugurando a chamada Zero Interest Rate Policy (ZIRP). Essa política foi acompanhada por programas de afrouxamento quantitativo (QE), que injetaram liquidez sem precedentes no sistema. A taxa permaneceu próxima de zero por quase uma década.

Somente em 2015 começou uma normalização cautelosa, elevando gradualmente a taxa até cerca de 2,5% em 2018. Porém, em 2019, diante da guerra comercial entre EUA e China e sinais de desaceleração global, o FED voltou a cortar, encerrando o ano em 1,75%.

A pandemia de COVID-19 em 2020 levou a novos cortes emergenciais para 0%, acompanhados de massivas injeções de liquidez. Esse ambiente favoreceu fortemente ativos de risco, incluindo o Bitcoin, que viveu um grande ciclo de valorização.

A partir de 2022, com a inflação americana atingindo níveis não vistos em 40 anos, o FED promoveu o ciclo de alta mais agressivo desde a década de 1980, elevando os juros rapidamente até 5,25% em 2023–2024. Esse aperto esfriou a economia, derrubou ativos de risco e valorizou o dólar globalmente, visto que capital que estava nos mercados emergentes faz o movimento de fly to safety e vai aproveitar taxas de juros relativamente altas em um mercado de menor risco.

Em 2025, com a inflação mais controlada e sinais de desaceleração econômica, o FED sinaliza estar próximo de iniciar cortes graduais. O mercado projeta que o ciclo de flexibilização seja mais lento e cauteloso do que no passado, justamente para equilibrar o crescimento econômico e evitar uma nova pressão inflacionária.

Juros, a principal commodity de exportação do Brasil

Aqui cabe um adendo importante sobre como o nosso país se utiliza de altas taxas de juros para estabilizar a economia.

O Brasil é conhecido historicamente por praticar taxas de juros muito acima da média internacional. Quando a Selic, a taxa básica de juros da nossa economia, está em patamares elevados, o país se torna especialmente atrativo para investidores estrangeiros em busca de rendimento. Isso acontece porque, ao comprar títulos públicos brasileiros, o investidor recebe um retorno muito superior ao que obteria em títulos de países desenvolvidos, como os Treasuries dos Estados Unidos, que pagam juros bem menores.

Esse movimento é conhecido no mercado como “carry trade”: investidores internacionais tomam empréstimos em países de juros baixos, como EUA, Japão ou Europa, e aplicam o dinheiro em países de juros altos, como o Brasil. O fluxo de dólares que entra no país para comprar esses títulos aumenta a oferta da moeda americana no mercado interno, o que contribui para estabilizar ou até valorizar o real. Em outras palavras, juros altos funcionam como um ímã para capital estrangeiro, reforçando a posição do Brasil como destino de renda fixa.

Talvez você se recorde de que o dólar disparou em 2020, quando a taxa básica de juros no Brasil caiu de 6,25% para 2% entre janeiro e outubro. O que aconteceu ali foi que a diferença entre os juros brasileiros e os dos Estados Unidos, chamada de diferencial de juros, encolheu a ponto de deixar de compensar o risco de investir no Brasil. Para muitos estrangeiros, não fazia mais sentido manter capital em um país emergente, sujeito a maior volatilidade econômica e política, se o prêmio de juros oferecido era praticamente o mesmo que nos EUA. O resultado foi uma saída expressiva de recursos do país, o que pressionou ainda mais o câmbio e levou o dólar a beirar os R$6,00, patamar recorde na época.

Em 2024, o estoque de títulos federais superava R$ 6,7 trilhões (cerca de US$ 1,3 trilhão), dos quais aproximadamente 15% a 20% estão nas mãos de investidores estrangeiros. Esse valor é várias vezes maior do que a receita anual gerada pelas principais commodities de exportação do país. Para comparar: em 2023, as exportações de soja renderam cerca de US$ 65 bilhões, enquanto as de minério de ferro ficaram na casa dos US$ 30 bilhões. Ou seja, mesmo combinados, esses dois setores estratégicos somaram pouco mais de US$ 95 bilhões, valor que ainda é menor do que US$ 195 bilhões que se estima que estejam na mão dos investidores estrangeiros .

Essa comparação mostra que, embora a soja e o minério sejam essenciais para a balança comercial, a atratividade dos juros e do mercado de renda fixa exerce papel ainda mais fundamental e imediato na estabilidade do câmbio e no fluxo de capitais globais para o Brasil.

Qual a perspectiva dos juros para o futuro próximo?
Depois de um longo ciclo de altas para combater a inflação pós-pandemia, o mercado começa a detectar sinais de que o FED pode dar início a um ciclo de cortes de juros nos próximos trimestres. A grande dúvida agora parece girar em torno da intensidade desses cortes: serão graduais, com pequenas reduções de 0,25%, ou mais robustos, com quedas de 0,5%? Cortes mais agressivos têm o poder de reacender o apetite por risco global, alimentando bolsas de valores e também o Bitcoin, afinal, liquidez barata e abundante muitas vezes encontra seu caminho até ativos de maior volatilidade e potencial de retorno.

Um fator adicional que pesa nas decisões do FED são as políticas tarifárias anunciadas por Donald Trump neste início de mandato. A imposição de tarifas sobre importações de países estratégicos, especialmente em setores de manufatura e tecnologia, elevou a preocupação de economistas e investidores em relação ao custo de bens importados. Em outras palavras, tarifas atuam como um imposto indireto sobre o consumo: ao encarecer produtos importados, pressionam os índices de preços internos, criando riscos inflacionários. Essa dinâmica força o FED a agir com mais cautela na hora de cortar juros, já que reduções muito rápidas poderiam somar-se ao impacto inflacionário das tarifas e reacender a alta de preços.

Esse cenário não é inédito. Durante o primeiro mandato de Trump, em 2018 e 2019, a guerra comercial com a China e a escalada tarifária criaram volatilidade nos mercados e alimentaram expectativas de inflação, justamente no momento em que Powell tentava normalizar a política monetária. Agora, em 2025, a combinação entre tarifas e pressão política direta sobre o FED cria um ambiente ainda mais delicado e o banco central americano precisa equilibrar o desejo do governo por juros mais baixos, que impulsionam crescimento e ativos de risco, com a necessidade de evitar que choques tarifários se transformem em uma nova onda inflacionária.

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Visão de Donald Trump sobre a política monetária

Primeiro mandato (2017–2021):
Donald Trump nomeou Jerome Powell como presidente do FED, mas logo entrou em atrito com ele. Enquanto o banco central normalizava os juros, na faixa de 2,25% a 2,50% em 2018, Trump reagiu com críticas públicas intensas, chamando o FED de “louco” e acusando Powell de agir de forma exagerada. Ele chegou a explorar a possibilidade de demitir o presidente do FED, perguntando aos advogados da Casa Branca se era legal fazê-lo. Os cortes de juros só aconteceram em 2019, após forte pressão externa, e o FED atribuiu a decisão aos impactos esperados da guerra comercial com a China. Em 2020, devido à pandemia, os juros caíram agressivamente como forma de evitar a paralisação da economia.

Segundo mandato (2025–presente):
O cenário de tensão com Powell não mudou. Atualmente, Trump acusa o presidente do FED de ser “um idiota” e um “fracasso”, tornado público seu desejo de demiti-lo rapidamente. O governo ainda investiga o controverso projeto de reforma da sede da FED como suposto pretexto para uma demissão “por justa causa”, algo que Powell e especialistas legais afirmam ser inviável sob a lei. Trata-se de uma relação tensionada, com Trump pressionando abertamente por cortes de juros e chamando a política do FED de “desastrosa”.

A pressão política que Trump vem exercendo é intensa e crescente: ele quer cortes mais agressivos, promete substituições no comando do FED, e mantém o tema em evidência, mas esbarra na estrutura legal que garante a independência do banco central.

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Então, o que isso nos diz sobre o futuro dos juros?
O FED continua sinalizando cautela, focado nos dados sobre inflação e emprego. Há expectativas realistas de um corte de 0,25 ponto percentual em setembro de 2025, mas Powell não pretende criar “efeitos surpresa” nem comprometer a política monetária diante da instabilidade econômica. Atualmente, o consenso do mercado é que esse movimento deve marcar o início de uma série gradual de cortes, com reduções adicionais previstas ao longo dos trimestres seguintes e não apenas um ajuste pontual.

O que um ciclo de queda de juros pode significar para o Bitcoin?

Se o FED realmente iniciar um novo ciclo de queda dos juros, o impacto sobre o Bitcoin pode ser significativo. Para entender o porquê, vale olhar para a história recente.

Entre 2016 e 2019 o Bitcoin passou por um ciclo completo de alta superior a 5000% de valorização e queda de cerca de 85% do pico do período, enquanto os juros subiram de 0 a 2,5%. Ou seja, o Bitcoin teve um ciclo de alta e baixa completo enquanto os juros apresentavam a mesma tendência de alta. Isso indica que este movimento do Bitcoin não ocorreu de forma correlacionada com o ciclo dos juros americanos.

GzMTrQ_WgAAD3ed.jpeg Entretanto, observando com maior detalhe, podemos perceber que mesmo neste ciclo supostamente descorrelacionado do comportamento do juros, o principal movimento de alta, quando o Bitcoin sai dos US$900-1.000 e vai buscar os US$20.000, ocorre justamente em um momento de taxa de juros lateralizada e não com tendência de alta.

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Após 2018, momentos de quedas nas taxas de juros estiveram sempre relacionados a momentos positivos para o preço do Bitcoin e momentos de subida nas taxas de juros estiveram relacionados a momentos de quedas.

Quando os juros caíram:

  • 2019: Após a guerra comercial com a China, o FED reduziu os juros de 2,5% para 1,75%. Nesse mesmo período, o Bitcoin saiu de cerca de US$ 3.000 (no fundo do bear market) para quase US$ 14.000 em julho de 2019. Embora tenha corrigido depois, o corte de juros ajudou a reativar a liquidez e trouxe novo fôlego ao mercado.

  • 2020–2021: A queda mais radical veio durante a pandemia. O FED levou os juros para zero e injetou trilhões de dólares na economia. O resultado foi um boom generalizado em ativos de risco: o S&P 500 saiu da maior queda em décadas para recordes históricos, e o Bitcoin disparou de menos de US$ 5.000 em março de 2020 para quase US$ 69.000 em novembro de 2021. Foi a demonstração mais clara de como a liquidez abundante pode ser canalizada para o ativo mais escasso do mundo.

GzMT2m9XkAAzr2Q.jpeg Ou seja: historicamente, cortes de juros não só favoreceram a alta do Bitcoin, como amplificaram seus ciclos de valorização.

Quando os juros subiram:

  • 2018-2019: Powell reiniciou um ciclo de alta que havia sido iniciado no final de 2015, levando os juros de 1,5% para 2,5%. O Bitcoin, que havia batido US$ 20.000 no final de 2017, entrou em colapso e passou boa parte de 2018 em queda, chegando a níveis próximos de US$ 3.200 em dezembro daquele ano (já está ilustrado acima, então não vou repetir a imagem aqui).

  • 2022–2023: Após a inflação disparar nos EUA, o FED realizou o ciclo de alta mais agressivo em 40 anos, elevando a taxa de 0% para acima de 5% em pouco mais de 12 meses. O efeito foi devastador: o Bitcoin caiu de US$ 48.000 em março de 2022 para US$ 15.500 em novembro de 2022, se considerarmos da máxima histórica de novembro de 2021, a queda foi ainda maior (US$ 69.000 até US$ 15.500). O preço do Bitcoin só voltou a respirar mesmo em 2023, quando a inflação começou a ceder e os mercados anteciparam uma futura reversão monetária.

GzMT9eTXQAApcqQ.jpeg Ao observar mais detalhadamente, notamos que o preço do Bitcoin começa a se recuperar a partir do segundo semestre de 2023, o que coincide com o final do ciclo de subida da taxa de juros e uma estabilização da taxa de juros pouco abaixo de 6% ao ano.

GzMUZWhWYAAyybM.jpeg Como já discutimos acima, a política tarifária executada por Donald Trump levaram o FED a pausar o ciclo de queda das taxas de juros, uma medida visando conter eventuais choques inflacionários relacionados às tarifas. Esse talvez seja o motivo para que este ciclo de alta esteja sendo marcado por diversos momentos de consolidação lateral ao invés de um movimento de alta mais sustentado onde o preço dispara por alguns meses seguidos.

GzMUjT4WwAEb8Bk.jpeg Esses movimentos mostram um padrão claro: juros altos drenam liquidez e pressionam o preço do Bitcoin, enquanto juros baixos inundam o mercado de capital e favorecem a valorização. Então uma tendência clara para o futuro é que, se os juros de fato entrarem em um ciclo de queda, o ciclo de alta atual do Bitcoin poderia se estender por mais um período significativo.

Sexta feira, dia 22 de agosto de 2025

Na sexta-feira passada, dia 22 de agosto de 2025, o preço do Bitcoin registrou uma expressiva valorização que foi diretamente influenciada pelo tom mais dovish (favorável a afrouxamento monetário) adotado por Jerome Powell em seu discurso no simpósio de Jackson Hole.

Powell sugeriu que o Federal Reserve pode iniciar cortes nas taxas de juros já em setembro, destacando riscos crescentes ao emprego e um ambiente econômico que justifica uma política mais acomodatícia. Essa sinalização aquecida impulsionou rapidamente os ativos mais arriscados, com o Bitcoin subindo cerca de 4% em aproximadamente 1 hora, passando de US$112.404 para cerca de US$ 117.220, já que cortes nos juros tendem a enfraquecer o dólar e reduzir o atrativo de investimentos de renda fixa, fortalecendo a demanda por criptomoedas. GzMWWqMWIAAZ9rL.jpeg

E o que muda agora?

A diferença é que hoje o Bitcoin não está isolado do mercado tradicional, como nos ciclos anteriores. O ciclo atual traz novas formas de se expor ao Bitcoin, como os ETFs e as Bitcoin Treasuies Companies, que permitem que os investidores institucionais do mercado tradicional entrem de uma forma mais robusta no ecossistema. Se o FED de fato cortar juros ainda em 2025, podemos não só ver uma repetição dos ciclos anteriores, mas uma aceleração: o capital institucional pode entrar com mais intensidade, transformando essa fase em um movimento estrutural de alta.

Em outras palavras, enquanto nos ciclos anteriores o Bitcoin dependia sobretudo do entusiasmo dos investidores de varejo diante da liquidez abundante, hoje o cenário é muito diferente. O ativo passou a contar com fundos globais, ETFs regulados e corporações listadas em bolsa que compram de forma recorrente e estruturada. Essa nova base de demanda institucional pode tornar o ciclo atual potencialmente mais robusto, consistente e resiliente do que os anteriores.

O mercado também se aprofundou: existem canais diretos, líquidos e regulamentados para que grandes volumes de capital se exponham ao Bitcoin, algo impensável em 2020. Pela primeira vez na história, podemos presenciar um ciclo de afrouxamento monetário do FED sustentável coincidindo com a presença de ETFs à vista e Bitcoin Treasuries Companies absorvendo bilhões de dólares. Isso nunca aconteceu antes e pode marcar um ponto de inflexão, inaugurando uma dinâmica em que cortes de juros liberam liquidez não só para ações e imóveis, mas também para o ativo de melhor performance da última década.

Pensando nisso, eu aumentei meu DCA e tenho comprado o máximo de sats possíveis, pois acredito que no futuro eles devem valer bem mais que no presente!

Por essa semana é só, bom final de semana e até o próximo Bipa Pills


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