O que os Bancos Centrais não querem que você saiba
Produzido dia 21 de julho de 2025

Escrito por Caio Leta
No Bipa Pills de hoje, vamos discutir a importância do M2, índice de liquidez utilizado para acompanhar a expansão da base monetária que os Bancos Centrais estão promovendo em todo o mundo.
Para isso, vamos falar sobre:
- O que é o M2?
- Qual é a importância de se acompanhar esse índice?
- Como o M2 vem evoluindo nos últimos tempos
- Porque o Bitcoin se valoriza devido ao M2
Então pegue seu café e boa leitura!
O que é o M2 e qual a sua importância para o mercado?
Você já ouviu falar em M2? M2 é um agregado monetário, ou seja, uma forma de se medir a quantidade de dinheiro em circulação (o que é chamado de liquidez) dentro de uma economia. Talvez o termo soe técnico, mas ele afeta diretamente o seu bolso, mesmo que você nunca tenha parado para pensar nisso.Em outras palavras, é como se fosse um termômetro da quantidade de dinheiro disponível para gastar, poupar ou investir.
O M2 é composto basicamente por três partes. Primeiro, todo o dinheiro físico que você conhece bem e que vemos cada vez menos nos dias de hoje: cédulas e moedas que circulam nas suas mãos ou ficam guardadas em casa. Segundo, os depósitos à vista, ou seja, o saldo que você tem na conta-corrente e pode usar a qualquer momento para pagar contas, fazer transferências ou sacar. Terceiro, inclui também uma fatia dos depósitos de poupança e algumas outras aplicações que podem ser transformadas rapidamente em dinheiro vivo.
Mas por que o M2 é importante? Pense nele como uma grande torneira de liquidez que os Bancos Centrais podem abrir ou fechar conforme a necessidade. Em momentos de crise ou recessão, os governos costumam abrir essa torneira e incentivar a atividade econômica com mais dinheiro via corte de juros, compras de títulos, impressão de moeda. O problema é que, historicamente, essa torneira quase nunca fecha completamente.
Com mais dinheiro circulando, o poder de compra de cada unidade monetária se dilui. É por isso que, com o tempo, o café fica mais caro, o imóvel valoriza em reais e seu salário parece sempre correr atrás dos preços. Entender a evolução do M2 ao longo do tempo é entender que a inflação monetária não é um acidente: é parte do sistema.
Como o M2 vem evoluindo no Brasil e no mundo
O gráfico abaixo mostra de forma clara como o Brasil expandiu sua base monetária (M2) em mais de 6.700% desde o início do plano real, em 1995. Cada período político e cada crise foram acompanhados de mais emissão de moeda: I) FHC, II) os primeiros mandatos do Lula, a crise financeira de 2008, III) os governos Dilma/Temer/Bolsonaro, a pandemia da COVID e o IV) novo ciclo do presidente Lula aceleraram ainda mais esse crescimento. O que fica evidente é que, independentemente de quem está no poder, a expansão monetária é uma ferramenta usada repetidamente para contornar crises.
O próximo gráfico mostra como a base monetária dos Estados Unidos, medida pelo M2, cresceu mais de 640% desde o final dos anos 80. O ritmo de expansão se acelera de forma marcante após momentos de crise: a crise financeira de 2008 disparou a impressão de dólares, mas o grande salto veio durante a pandemia de COVID-19, quando o Federal Reserve injetou trilhões na economia para evitar um colapso. Mesmo depois da pandemia, o M2 continua em trajetória de alta, com uma taxa de expansão do M2 equivalente ao período pré-COVID, provando que fechar a torneira não é tão simples. Essa impressão massiva dilui o poder de compra de quem guarda dólares sem proteção.
É interessante observar como, em momentos de crise — especialmente durante a pandemia de COVID — os Bancos Centrais ao redor do mundo adotam uma postura muito parecida: abrem as torneiras de liquidez e colocam mais dinheiro em circulação para conter os impactos econômicos. No entanto, o que realmente chama a atenção é o comportamento fora das crises. O Banco Central americano até tenta enxugar parte dessa liquidez quando a economia se estabiliza, revertendo uma parcela da expansão monetária. Já o Banco Central brasileiro segue uma lógica bem diferente: mesmo em períodos de relativa normalidade, continua expandindo sua base monetária de forma praticamente constante. Quando o Banco Central brasileiro volta a inflar o M2, faz isso de forma muito mais agressiva do que países desenvolvidos. Essa diferença ajuda a explicar por que poupar em reais é tão arriscado no longo prazo.
A comparação entre o M2 brasileiro e o americano fica ainda mais clara, e até incômoda, quando olhamos para um período mais longo. O gráfico abaixo mostra como a base monetária do real e do dólar foram expandidas pelos Bancos Centrais desde o início do Plano Real, em 1995.
Se você quer entender o motivo do real constantemente se desvalorizar em relação ao dólar, esta imagem fala por si só: desde 1995, a quantidade de reais em circulação cresceu muito mais rápido do que a de dólares. É simples: quanto mais uma moeda é inflada, menor é o seu poder de compra frente a moedas mais estáveis. Por isso, ao longo dos anos, o real perdeu valor de forma sistemática frente ao dólar, o que deve seguir acontecendo enquanto essa lógica de expansão desenfreada persistir.
Este padrão observado entre as bases monetárias dos EUA e Brasil é comum quando analisamos diversos outros países emergentes e desenvolvidos. Basicamente, os países emergentes expandem suas bases monetárias de maneira mais agressiva que os países desenvolvidos. A imagem abaixo compara as bases monetárias do Brasil, China e Índia com as bases monetárias dos EUA e da União Europeia e demonstra como esse processo é comum.
Isso ocorre pois os países emergentes tendem a expandir suas bases monetárias de forma mais agressiva porque, em geral, enfrentam três grandes desafios:
1- Economias mais frágeis e instáveis
Eles têm menos credibilidade fiscal e menor capacidade de captar recursos a juros baixos. Quando surge uma crise, ou quando precisam estimular o crescimento, imprimir dinheiro é o caminho mais rápido e fácil, mesmo se isso gerar inflação depois.
2️- Dependência de déficits altos
Muitos emergentes carregam dívidas públicas maiores, em proporção ao que conseguem arrecadar com impostos. Para fechar as contas, recorrem ao “empréstimo invisível” que é emitir moeda. É como pagar as contas imprimindo notas novas, um atalho que corrói o poder de compra da população.
3️- Credibilidade institucional menor
Enquanto países desenvolvidos como EUA ou Alemanha contam com moedas fortes, que são reserva de valor global, emergentes têm moedas locais menos confiáveis. Por isso, mesmo quando os EUA imprimem muito, ainda existe demanda global pelo dólar, mas um real, peso argentino ou lira turca não têm esse luxo. Então, a inflação aparece mais rápido e machuca mais.
Na prática, isso explica porque guardar dinheiro em moeda de um país emergente é um risco constante e também explica porque o conhecimento popular de dolarizar o patrimônio sempre fez sentido no passado, mesmo que os EUA também tenham expandido sua base monetária.
Quando olhamos para a expansão do M2, é importante entender que existe uma diferença significativa entre países emergentes “estáveis” e aqueles que estão em um estágio mais avançado de colapso inflacionário crônico. Países emergentes como Brasil, China e Índia expandem suas bases monetárias de forma mais agressiva que os países desenvolvidos — mas ainda dentro de uma certa previsibilidade, com inflação controlada em níveis “administráveis”. O custo é um poder de compra que se corrói devagar, mas não destrói totalmente a moeda do dia para a noite.
Já em casos extremos, como Argentina, Venezuela, Turquia e Zimbábue ou mesmo o Brasil do final dos anos 80 e início dos anos 90, antes do plano Real, o que vemos é uma expansão virtualmente infinita do M2, quase fora de controle. O gráfico da Argentina que você vê abaixo ilustra isso de forma didática: enquanto Brasil, Índia e China “sobem a rampa”, a Argentina literalmente dispara, com saltos exponenciais que viram hiperinflação. É o mesmo padrão histórico da Venezuela e, em décadas passadas, do Zimbábue. Nessas situações, a confiança na moeda local simplesmente desaparece — e o dinheiro passa a perder valor dia após dia.
A imagem acima mostra justamente a comparação do M2 argentino com os M2 do Brasil, Índia, China, União Europeia e EUA. Mesmo após Milei assumir a presidência, o M2 argentino continuou crescendo por um tempo, afinal, a expansão já estava contratada e não dava para frear de imediato um processo tão desordenado. Porém, ao longo do último ano, as medidas drásticas do governo para cortar gastos, equilibrar as contas e conter a impressão desenfreada começam a aparecer: o gráfico já mostra uma retração do M2, refletindo essa tentativa de frear a inflação galopante.
Vale lembrar que o Brasil também já viveu algo parecido antes do Plano Real, na era da hiperinflação: a base monetária era expandida constantemente para cobrir déficits, e o dinheiro perdia valor tão rápido que os preços mudavam todos os dias. Foi preciso uma mudança drástica para estabilizar a moeda.
Por isso, entender essa diferença é essencial: países emergentes inflacionam, mas de maneira até que controlada. Já países em colapso inflacionário mostram que, sem freios, o dinheiro vira pó.
Por que a expansão da base monetária importa? Como ela afeta o seu dia a dia?
Para muita gente, a ideia de “expansão da base monetária” parece distante, como se fosse algo técnico que só economistas ou banqueiros deveriam entender. Mas a verdade é que isso afeta diretamente a sua vida todos os dias, toda vez que você vai ao mercado, abastece o carro ou pensa em guardar dinheiro para o futuro.
Quando um Banco Central aumenta a base monetária, o famoso M2, ele está basicamente colocando mais dinheiro em circulação. É como se existisse um balde de água (o dinheiro) e cada vez que o governo quer estimular a economia, ele joga mais água dentro. O problema é que, quando há mais dinheiro na praça, mas a quantidade de bens e serviços não aumenta na mesma proporção, o valor de cada unidade de moeda se dilui. Resultado? Tudo fica mais caro, porque cada real, dólar ou peso compra menos coisas do que antes.
É por isso que o café que você pagava R$ 3,00 hoje custa R$ 9,00. É por isso que o valor do aluguel sobe, mesmo quando a sua renda não acompanha. E é também por isso que guardar dinheiro parado na conta ou na poupança significa perder poder de compra ano após ano.
Além disso, essa expansão da base monetária não impacta todo mundo da mesma forma. Quem tem acesso a bons ativos ou sabe investir, geralmente consegue se proteger. Mas a grande maioria da população não tem essa alternativa: o salário fica para trás, enquanto o custo de vida dispara. É como correr numa esteira que vai cada vez mais rápido.
Por isso, entender o M2 é uma forma de enxergar como seu dinheiro é afetado por decisões que você não controla.
E qual a relação deste tema com o Bitcoin?
E o que tudo isso tem a ver com o Bitcoin? Tudo. Quando você entende como funciona a expansão do M2, percebe que o dinheiro que você usa todos os dias, seja real, dólar, iene ou euro, está sempre sujeito a ser inflado, diluindo o valor do seu trabalho e das suas economias. É como correr numa esteira que nunca para de acelerar.
É aí que o Bitcoin se destaca como a grande exceção. Enquanto qualquer governo pode imprimir mais dinheiro a qualquer momento, o Bitcoin tem uma política monetária gravada em código: só existirão 21 milhões de moedas de Bitcoin. Essa oferta limitada não depende de políticos, bancos centrais ou decisões de emergência para tapar buracos fiscais.
Além disso, o Bitcoin é 100% transparente: qualquer pessoa no mundo pode verificar quantos moedas de Bitcoin existem, quantas ainda estão por ser mineradas e como o fluxo é distribuído. Essa combinação de escassez programada e auditabilidade faz do Bitcoin uma forma de proteção contra a diluição monetária, uma espécie de “cofre digital” que nenhum governo pode arrombar para imprimir mais notas.
No fim das contas, acumular satoshis é dizer: “meu dinheiro não vai ser inflado”. É uma escolha consciente para quem quer preservar valor em um mundo onde as moedas estatais perdem força todos os dias.
O M2 global não vai parar de crescer, mas o seu Bitcoin também não vai parar de proteger você. Enquanto governos de todos os cantos seguem inflando suas moedas para bancar déficits, emergências ou simples má gestão, cada satoshi que você acumula é um pedaço do seu trabalho que ninguém pode diluir. É como ter uma reserva em um cofre inviolável, onde a escassez é garantida por código, não por promessas políticas.
Não importa se você é médico, engenheiro ou empresário, você trabalha duro demais para ver seu dinheiro evaporar por culpa de decisões que não estão nas suas mãos. Proteger seu patrimônio em Bitcoin é ter a tranquilidade de saber que, enquanto o real, o dólar ou o peso perdem valor, sua reserva está em algo verdadeiramente escasso.
Comece hoje, sem complicação: faça seu DCA (compra recorrente) na Bipa, vá acumulando aos poucos, com segurança, e pratique a auto custódia. É assim que se constrói liberdade financeira de verdade.
Poupe em Bitcoin. Proteja o fruto do seu trabalho.
E prepare-se para o futuro — sem depender da impressora de ninguém.
Por essa semana é só, bom final de semana e até o próximo Bipa Pills
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