(Artigo originalmente publicado no dia 20 de dezembro de 2024 no Bipa Insights, o Substack da Bipa.)
IMPORTANTE: Este material tem caráter meramente informativo e educacional. Quaisquer opiniões, projeções ou análises aqui expressas são visões pessoais do autor e não devem, sob nenhuma circunstância, ser consideradas como recomendação, sugestão ou aconselhamento de investimento. O mercado de criptomoedas no geral e do Bitcoin em específico é altamente volátil, e performances passadas não são garantia de resultados futuros. O autor não se responsabiliza por quaisquer perdas ou danos que possam resultar do uso das informações contidas neste material. Antes de realizar qualquer investimento, avalie seus objetivos, tolerância a risco e situação financeira. Cada investidor deve conduzir sua própria pesquisa, análise e due diligence antes de tomar qualquer decisão de investimento. Este material não constitui oferta, solicitação, recomendação ou aconselhamento para compra ou venda de quaisquer ativos ou instrumentos financeiros.
Neste artigo, primeiro apresentarei 15 previsões para o ano de 2025 e depois explicarei os fundamentos que embasam cada uma dessas previsões. Como toda previsão, o grau de incerteza é alto e a única certeza que eu tenho é que grande parte dessas previsões estarão erradas! É da natureza de se fazer previsões um alto índice de erros, pois as previsões geralmente são feitas extrapolando as tendências atuais no futuro, entretanto as tendências se alteram e existem os cisnes negros. Fazer previsões é um exercício de futurologia e essas previsões não devem ser vistas como nada além de chutes educados sobre temas.
Com essa ressalva feita, vamos as minhas previsões para 2025:
Previsão 1: Reversão completa da Operação Chokepoint 2.0 Em 2025, veremos uma reversão dramática da política de desbancarização do setor cripto. Com a nova administração Trump e figuras pró-cripto em posições-chave, bancos americanos não apenas voltarão a aceitar clientes do setor de criptomoedas, mas ativamente buscarão estes relacionamentos. Esta mudança deve resultar no retorno de várias empresas que haviam movido suas operações para offshore, fortalecendo a posição dos EUA como hub de inovação em cripto.
Previsão 2: Nova era de cooperação regulatória Com David Sacks liderando a visão do governo para criptomoedas e Paul Atkins no comando da SEC, 2025 será marcado pelo desenvolvimento do primeiro framework regulatório verdadeiramente favorável às criptomoedas nos EUA. Novas diretrizes claras que não apenas permitam, mas incentivem a inovação no setor serão estabelecidas. Agências reguladoras que anteriormente eram hostis ao setor, como a SEC e FDIC, devem adotar uma postura colaborativa, trabalhando com empresas de cripto para desenvolver regulamentações que protejam consumidores sem sufocar a inovação.
Previsão 3: Democratização dos empréstimos com Bitcoin como colateral Em 2025, veremos uma explosão de produtos financeiros usando Bitcoin como colateral. O processo que começou com a Cantor Fitzgerald e seus US$2 bilhões em linha de crédito deve se expandir rapidamente para os principais bancos americanos. Até o final do ano, espera-se que pelo menos cinco dos maiores bancos dos EUA ofereçam serviços de empréstimo colateralizados por Bitcoin, com linhas de crédito totalizando mais de US$20 bilhões.
Previsão 4: Os bancos tradicionais se envolvem com o Bitcoin 2025 será marcado por uma corrida dos bancos tradicionais para oferecer serviços relacionados ao Bitcoin. Com a mudança regulatória favorável da administração Trump e o precedente do BNY Mellon, veremos uma onda de grandes bancos lançando serviços completos de Bitcoin - desde custódia até plataformas de compra e venda integradas aos seus aplicativos bancários tradicionais. Esse movimento deve trazer dezenas de milhões de novos usuários para o ecossistema Bitcoin através de interfaces familiares de seus bancos habituais.
Previsão 5: Corrida global por reservas de bitcoin se inicia Em 2025, veremos o início de uma intensa competição internacional por Bitcoin como reserva estratégica. Após a aprovação do "Bitcoin Act" nos EUA e o início das compras pelo governo americano. Isso desencadeará uma reação em cadeia e outras nações passarão a estabelecer programas similares de acumulação de Bitcoin. Esta corrida por reservas limitadas deve criar uma pressão compradora sem precedentes, visto que os estados nacionais conseguem imprimir dinheiro a custo zero. Essa teoria dos jogos é interessante pois o primeiro país que começar a imprimir grandes quantidades de dinheiro fiat para comprar o Bitcoin terá vantagens significativas de longo prazo, então os países são incentivados a imprimir dinheiro para comprar Bitcoin em grandes quantidades. Em outras palavras, o melhor resultado possível para um país é ele mesmo executar um ataque especulativo contra sua própria moeda para comprar o máximo de bitcoins possível.
Previsão 6: Estados e municípios também passam a adotar reservas de bitcoin 2025 será o ano em que veremos uma onda de estados americanos adotando o bitcoin como reserva estratégica. O processo que começou pela Pensilvânia e Texas, verá pelo menos outros 10 estados americanos que devem aprovar legislações permitindo a alocação de 1-3% de suas reservas em Bitcoin. Este movimento será impulsionado pela onda laranja que ganhou as eleições nos EUA, pela necessidade de proteção contra a inflação do dólar e pela impossibilidade dos estados de imprimir sua própria moeda.
Previsão 7: a captação de $ pelos ETFs em 2025 será pelo menos 2x maior que a captação de 2024 Em 2025, os ETFs de Bitcoin devem superar significativamente os números de captação de 2024, seguindo um padrão similar ao observado nos ETFs de ouro. Com a Vanguard e outras grandes plataformas finalmente liberando acesso aos ETFs, e os fundos de pensão iniciando suas alocações ou aumentando suas alocações iniciais de 0,1% para algo mais próximo dos 2-3% recomendados pela BlackRock, devemos ver um volume de captação pelo menos duas vezes maior que 2024. Este aumento será impulsionado pela conclusão dos processos de due diligence e aprovação que muitas instituições iniciaram em 2024, e pela crescente pressão sobre gestores que ainda não possuem exposição ao ativo.
Previsão 8: boom nas estratégias com opções 2025 será marcado por uma explosão no uso de estratégias sofisticadas com opções dos ETFs de Bitcoin, particularmente pelo mercado institucional. Com ferramentas de hedge mais robustas disponíveis, fundos de pensão e gestores institucionais que inicialmente hesitavam devido à volatilidade do Bitcoin devem aumentar significativamente suas alocações. Estratégias como collars e venda de calls cobertas devem se tornar práticas comuns, permitindo que gestores conservadores aumentem sua exposição ao Bitcoin enquanto mantêm perfis de risco aceitáveis para seus mandatos. Este desenvolvimento deve criar um ciclo virtuoso onde maior proteção leva a maiores alocações.
Previsão 9: Aceleração da adoção corporativa de Bitcoin Em 2025, veremos uma aceleração significativa na adoção corporativa do Bitcoin, impulsionada pelo sucesso comprovado da estratégia da MicroStrategy e pela crescente sofisticação dos instrumentos financeiros disponíveis. Pelo menos 25 empresas de capital aberto devem seguir o "plano MicroStrategy", implementando estratégias de acumulação de Bitcoin através de notas conversíveis e ofertas de ações ATM. Com a combinação das novas regras contábeis do FASB e o crescente número de casos de sucesso, espera-se que o total de Bitcoin em balanços corporativos, que atualmente está em 576.287 BTCs, dobre e possivelmente ultrapasse os 1.200.000 BTCs em balanço, criando uma nova fonte significativa de demanda para o ativo.
Previsão 10: MicroStrategy ultrapassará os 700.000 BTCs Em 2025, a MicroStrategy deve continuar sua estratégia agressiva de acumulação de Bitcoin através do "Plano 21/21", aproveitando sua inclusão no Nasdaq-100 e o ambiente regulatório mais favorável da administração Trump. Considerando o yield em Bitcoin de 72,4% alcançado em 2024 e a crescente sofisticação de suas estratégias de financiamento, a empresa deve aumentar suas reservas de Bitcoin de 439.000 BTCs para mais de 750.000 BTCs até o final de 2025, mantendo seu ritmo acelerado de acumulação através de notas conversíveis com juros próximos a zero e ofertas de ações ATM estratégicas.
Previsão 11: O Plano 21/21 e o Plano Satoshi Em 2025, a MicroStrategy deve executar de forma extraordinariamente eficiente seu "Plano 21/21", captando os US$42 bilhões previstos em tempo recorde devido à forte demanda institucional por suas notas conversíveis e ações. Diante deste sucesso excepcional, a MicroStrategy deve anunciar um novo plano ainda mais ambicioso para 2026-2028, possivelmente mirando chegar a 2.000.000,00 BTCs em sua tesouraria. Este novo programa, que será chamado de "Plano Satoshi", deve ter como objetivo acumular mais de 2 milhões de bitcoins até 2028, pouco menos de 10% do suprimento total de Bitcoin. O anúncio deste novo plano deve vir acompanhado de evidências do sucesso do plano anterior, incluindo métricas de eficiência de capital e demonstração de como a estratégia beneficiou tanto a empresa quanto seus acionistas.
Previsão 12: Rally das ações da MSTR A inclusão da MicroStrategy no Nasdaq-100 deve desencadear um rally significativo nas ações da empresa em 2025, embora não tão dramático quanto o caso da Tesla no S&P 500. O fluxo passivo de capital dos fundos que replicam o QQQ, combinado com a maior exposição a gestores ativos e a legitimação adicional que esta inclusão traz, deve resultar em uma valorização expressiva da MSTR nos primeiros meses do ano. Isso sem considerar ainda o potencial da MSTR de se transformar em uma memestock ao longo do bull market do bitcoin que se estenderá pelo menos até o primeiro semestre de 2025. Este movimento deve ser sustentado pela crescente aceitação institucional do Bitcoin e pelo sucesso contínuo da estratégia de acumulação da empresa.
Previsão 13: A diminuição da auto custódia Atualmente, cerca de 15.391.000 moedas estão na mão de usuários que fazem sua própria custódia. Conforme o preço disparar nos próximos meses, naturalmente algumas dessas moedas serão vendidas por esses usuários e serão compradas predominantemente por novos investidores que estarão alocando seu capital via os ETFs ou via empresas que levantaram capital e estão convertendo seus dólares em bitcoins. No final de 2025, haverá cerca de 14.000.000 moedas de bitcoin na mão dos usuários pessoa física que realizam sua própria custódia.
Previsão 14: 2025 marcará o início da convergência entre IA e Bitcoin Em 2025, a convergência entre IA e Bitcoin se intensificará, com agentes autônomos operando na rede Lightning via L402 e realizando micropagamentos sem intervenção humana. Assistentes de IA impulsionarão microempresas globais usando Bitcoin, enquanto comunidades adotarão soluções Fedimint. Apesar do FUD inevitável, até o final do ano agentes de IA começarão a movimentar volumes cada vez maiores na rede Lightning.
Previsão 15: O preço do bitcoin A definição do potencial de valorização do Bitcoin em 2025 passa necessariamente pela análise do cenário político americano e a possível aprovação do Bitcoin como ativo de reserva estratégica dos Estados Unidos. Esta decisão representa um divisor de águas para o mercado, pois desencadearia uma corrida global por Bitcoin entre nações, similar ao que historicamente ocorreu com o ouro. Diante desta realidade, podemos estabelecer dois cenários distintos de preço para 2025:
Cenário 1 - Com Aprovação da Reserva Estratégica Bitcoin atinge US$500.000-1.000.000, ultrapassando a metade do market cap do ouro e talvez atingindo a paridade com o mesmo. Este cenário é suportado por análises recentes da Bloomberg e Forbes, que projetam uma capitalização de mercado de US$15 trilhões para o Bitcoin nesta situação e pelo reconhecimento de diversos agentes do mercado que o Bitcoin é o ouro digital. A corrida entre nações para acumular Bitcoin como reserva estratégica seria o principal catalisador desta valorização.
Cenário 2 - Sem Aprovação da Reserva Estratégica Bitcoin alcança aproximadamente US$250.000, impulsionado principalmente pelo aumento na demanda institucional via ETFs e acumulação corporativa. Mesmo sem a aprovação como reserva estratégica, a combinação de ETFs bem-sucedidos, empresas seguindo o modelo da MicroStrategy e a clareza regulatória trazida pela administração Trump já será suficiente para criar uma pressão compradora significativa que gerará retornos significativos até o topo deste bull market.
Introdução
O Bitcoin está à beira de sua maior transformação desde sua criação em 2009. Com a aprovação dos ETFs à vista em janeiro de 2024, a vitória de Donald Trump nas eleições americanas e a crescente adoção institucional, 2025 promete ser um ano decisivo para o ativo digital. Pela primeira vez na história, temos uma confluência única de fatores positivos que podem catalisar uma mudança fundamental no papel do Bitcoin no sistema financeiro global.
O cenário que se desenha para 2025 é particularmente interessante porque combina clareza regulatória, sofisticação dos instrumentos financeiros, demanda institucional crescente e possível adoção como reserva estratégica por nações. Esta combinação de fatores sugere que estamos entrando em uma nova era para o Bitcoin, onde sua transição de ativo especulativo para componente fundamental do sistema financeiro global pode finalmente se concretizar.
Onda laranja invade a política
A vitória de Donald Trump nas eleições americanas sinaliza uma transformação fundamental no ambiente regulatório para o Bitcoin e criptomoedas. Esta mudança é impulsionada principalmente pela composição excepcional de sua equipe, que inclui figuras profundamente envolvidas com o ecossistema cripto. David Sacks, indicado para liderar a visão do governo em relação a Inteligência Artificial e criptomoedas, é investidor em Bitcoin desde 2013 e traz consigo uma profunda compreensão do setor. Paul Atkins, o indicado para comandar a SEC, tem um histórico consistente de defender uma regulamentação menos rigorosa para ativos digitais, representando uma mudança dramática em relação à atual administração.
A saída de Gary Gensler da SEC, conhecido por sua postura hostil ao setor, combinada com a entrada de figuras como J.D. Vance, Howard Lutnick e Vivek Ramaswamy, que são investidores ativos em Bitcoin, promete uma mudança significativa na abordagem regulatória. A nova administração deve focar em desregulamentação e incentivo ao livre mercado, abandonando a política hostil que caracterizou os últimos anos.
Entre as propostas concretas que devem ganhar forma está a criação do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que será liderado por Elon Musk, CEO da Tesla, empresa que detém a quarta maior quantidade de bitcoins em seu balanço com um total de 9.720 BTCs. Mais importante ainda, espera-se o desenvolvimento de um framework regulatório claro para o setor, algo há muito aguardado pela indústria. Esta combinação de liderança pró-cripto e agenda de desregulamentação deve criar um ambiente significativamente mais favorável para inovação e desenvolvimento no ecossistema Bitcoin, marcando o início de uma nova era para o setor nos Estados Unidos. Pela primeira vez, o Bitcoin navegará com o vento político a seu favor, em contraste marcante com os últimos quatro anos com a administração Biden.
Imagem 1. Onda laranja invadindo a política americana.
O fim da Operação Chokepoint 2.0
Operação Chokepoint 2.0 é o nome dado a uma série de ações coordenadas que ocorreram durante a administração Biden, onde agências reguladoras americanas, incluindo a SEC, FDIC, e OCC, pressionaram bancos a limitarem ou encerrarem serviços não apenas a empresas do setor de criptomoedas, mas também aos fundadores, executivos e funcionários dessas empresas.
Esse nome é uma referência à Operação Chokepoint original de 2013, onde o Departamento de Justiça dos EUA pressionou bancos a cortarem serviços para setores considerados de "alto risco", como vendedores de armas de fogo, vendedores de cannabis nos estados em que o consumo foi legalizado, plataformas de apostas online e empresas de crédito.
Na versão 2.0, focada em criptomoedas, várias empresas do setor enfrentaram desbancarização forçada, mesmo quando operavam dentro da lei. A situação foi ainda mais grave porque se estendeu às contas pessoais de fundadores, sócios e funcionários de startups de cripto, que tiveram suas contas bancárias pessoais encerradas sem justificativa clara, afetando inclusive suas vidas pessoais e capacidade de realizar transações bancárias básicas do dia a dia. Casos notáveis incluíram:
Custodia Bank teve seu pedido de conta mestre no Fed negado, apesar da proposta do banco é não possuir reservas fracionárias,
Signature Bank foi forçado a reduzir exposição a clientes cripto,
Silvergate foi efetivamente forçado a encerrar operações,
Metropolitan Commercial Bank encerrou todos os serviços relacionados a cripto,
Diversos fundadores e executivos de startups de cripto tiveram suas contas pessoais encerradas
Estas ações criaram um ambiente extremamente hostil para empresas e empreendedores do setor de criptomoedas nos EUA, forçando muitos a buscar serviços bancários offshore ou limitar suas operações. A prática foi vista por muitos como uma tentativa extraoficial de sufocar o setor de criptomoedas sem passar por processos legislativos formais, afetando não apenas as empresas, mas também as vidas pessoais dos profissionais do setor.
Nos últimos anos o impacto dessa política foi devastador para o setor, reduzindo o acesso a serviços bancários básicos e dificultando a operação de empresas legítimas no espaço cripto dentro dos Estados Unidos. Além disso, criou um precedente preocupante de discriminação financeira contra indivíduos baseada em seu setor de atuação profissional.
A partir destas tendências, fazemos as seguintes previsões:
Previsão 1: reversão completa da Operação Chokepoint 2.0 Em 2025, veremos uma reversão dramática da política de desbancarização do setor cripto. Com a nova administração Trump e figuras pró-cripto em posições-chave, bancos americanos não apenas voltarão a aceitar clientes do setor de criptomoedas, mas ativamente buscarão estes relacionamentos. Esta mudança deve resultar no retorno de várias empresas que haviam movido suas operações para offshore, fortalecendo a posição dos EUA como hub de inovação em cripto.
Previsão 2: nova era de cooperação regulatória Com David Sacks liderando a visão do governo para criptomoedas e Paul Atkins no comando da SEC, 2025 será marcado pelo desenvolvimento do primeiro framework regulatório verdadeiramente favorável às criptomoedas nos EUA. O novo Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), sob liderança de Elon Musk, deve estabelecer diretrizes claras que não apenas permitam, mas incentivem a inovação no setor. Agências reguladoras que anteriormente eram hostis ao setor, como a SEC e FDIC, devem adotar uma postura colaborativa, trabalhando com empresas de cripto para desenvolver regulamentações que protejam consumidores sem sufocar a inovação.
O que veremos em 2025 será o exato oposto dos últimos anos: o sistema político americano vai abraçar o Bitcoin e demais criptomoedas. As regulamentações em relação ao setor serão consolidadas e haverá, por fim, uma sensação de clareza regulatória. Com isso, um volume significativamente maior de capital institucional se sentirá autorizado a alocar em Bitcoin.
A institucionalização do Bitcoin avança
Com a nova administração Trump e sua equipe fortemente alinhada com o ecossistema Bitcoin, 2025 promete ser um ano de avanços significativos na institucionalização do ativo digital. A mudança na SEC, com a saída de Gary Gensler e a entrada de Paul Atkins, conhecido por sua visão favorável às criptomoedas, deve estabelecer um ambiente regulatório mais claro e propício para a inovação financeira, permitindo que instituições tradicionais finalmente abracem o Bitcoin de forma mais assertiva.
Os principais bancos americanos, que até agora mantiveram uma postura cautelosa em relação ao Bitcoin devido às incertezas regulatórias, devem começar a oferecer serviços relacionados ao ativo. Espera-se que gigantes como JPMorgan, Goldman Sachs e Morgan Stanley lancem produtos de custódia, compra e venda de Bitcoin diretamente em suas plataformas, tornando o acesso ao ativo digital tão simples quanto investir em ações ou bonds (a renda fixa americana). No quesito custódia em específico, este movimento já começou e atualmente o Bank of New York Mellon (BNY) já foi autorizado pela SEC para trabalhar com produtos de custódia. Esta movimentação deve criar um efeito cascata, pressionando bancos menores e instituições financeiras globais a seguirem o mesmo caminho.
Um dos desenvolvimentos mais promissores para 2025 é a expansão dos serviços de empréstimo colateralizados por Bitcoin dentro do sistema financeiro tradicional. Com maior clareza regulatória, bancos e instituições financeiras devem começar a aceitar Bitcoin como garantia para empréstimos, permitindo que detentores do ativo acessem liquidez sem precisar vender suas posições. Este movimento é particularmente significativo pois integra o Bitcoin ainda mais profundamente no sistema financeiro tradicional.
A Cantor Fitzgerald, sob a liderança de Howard Lutnick, que será Secretário do Comércio na administração de Trump, tem sido pioneira no desenvolvimento de produtos financeiros que utilizam Bitcoin como colateral, antecipando a tendência que deve se tornar mainstream em 2025. A empresa anunciou programas de empréstimo onde investidores podem utilizar seus bitcoins como garantia para obter crédito no sistema financeiro tradicional, demonstrando a viabilidade deste modelo mesmo antes da clareza regulatória que se aproxima.
Inicialmente, serão US$2 bilhões na linha de crédito, com o potencial de crescimento para dezenas de bilhões de dólares de acordo com as informações que vem circulando. Este trabalho pioneiro da Cantor Fitzgerald é particularmente significativo porque a empresa é uma das mais respeitadas no mercado financeiro tradicional, com mais de 75 anos de história e forte presença em mercados globais. A experiência bem-sucedida da Cantor nesta área deve servir como blueprint para outros bancos e instituições financeiras que planejam desenvolver produtos similares, especialmente considerando que Lutnick será uma figura importante na próxima administração Trump.
A colateralização do Bitcoin deve evoluir rapidamente em sofisticação, com o desenvolvimento de produtos financeiros cada vez mais complexos. Podemos esperar o surgimento de linhas de crédito rotativo garantidas por Bitcoin, financiamentos imobiliários que aceitam uma composição de garantias incluindo Bitcoin, e até mesmo cartões de crédito com limites baseados no saldo de satoshis dos usuários. Esta evolução deve criar um ciclo virtuoso, onde a maior utilidade do Bitcoin como colateral aumenta sua demanda, que por sua vez incentiva o desenvolvimento de ainda mais produtos financeiros.
Com a base regulatória estabelecida e o sistema bancário tradicional finalmente abraçando o Bitcoin, 2025 deve marcar o início de uma nova era na institucionalização do ativo. A combinação de ETFs bem estabelecidos, serviços bancários tradicionais e produtos de crédito colateralizados deve criar um ambiente muito mais maduro e sofisticado para o Bitcoin, potencialmente atraindo uma nova onda de capital institucional para o ecossistema. Esta evolução representa a realização da visão de muitos pioneiros do setor, que sempre viram o Bitcoin como uma força transformadora no sistema financeiro global.
Pensando nessa tendência de maior institucionalização do Bitcoin com o mercado tradicional se envolvendo amplamente, as duas previsões que fazemos para 2025 é:
Previsão 3: Democratização dos empréstimos com Bitcoin como colateral Em 2025, veremos uma explosão de produtos financeiros usando Bitcoin como colateral. O que começou com a Cantor Fitzgerald e seus US$2 bilhões em linha de crédito deve se expandir rapidamente para os principais bancos americanos. Até o final do ano, espera-se que pelo menos cinco dos maiores bancos dos EUA ofereçam serviços de empréstimo colateralizados por Bitcoin, com linhas de crédito totalizando mais de US$20 bilhões.
Previsão 4: Os bancos tradicionais se envolvem com o Bitcoin 2025 será marcado por uma corrida dos bancos tradicionais para oferecer serviços relacionados ao Bitcoin. Com a mudança regulatória favorável da administração Trump e o precedente do BNY Mellon, veremos uma onda de grandes bancos lançando serviços completos de Bitcoin - desde custódia até plataformas de compra e venda integradas aos seus aplicativos bancários tradicionais. Esse movimento deve trazer dezenas de milhões de novos usuários para o ecossistema Bitcoin através de interfaces familiares de seus bancos habituais.
Bitcoin e geopolítica: as reservas estratégicas
A vitória expressiva de Donald Trump nas eleições americanas, conquistando 312 delegados contra 226 de Kamala Harris, incluindo vitórias em todos os swing states, marca um potencial ponto de virada para o Bitcoin. Com os republicanos obtendo maioria tanto no Senado (53 x 47) quanto na Câmara (218 x 212), o caminho para aprovação de legislações favoráveis ao Bitcoin se torna significativamente mais viável.
Uma das propostas mais impactantes associadas à nova administração é a criação de uma Reserva Estratégica de Bitcoin, que seria liderada pela senadora Cynthia Lummis através do "Bitcoin Act". O plano é extremamente ambicioso: visa adquirir 1 milhão de BTCs em cinco anos (aproximadamente 5% do suprimento total), comprando 550 BTCs diariamente. Além disso, o plano incorporaria os 198.109 BTCs que o governo já possui de apreensões criminais, que atualmente valem cerca de US$19,4 bilhões. A proposta prevê que estes bitcoins sejam mantidos por pelo menos 20 anos.
Imagem 2. Medida introduzida pela senadora Cynthia Lummis que propõe a criação de uma Reserva Estratégica de Bitcoin pelos Estados Unidos.
Embora exista ceticismo sobre a viabilidade desta proposta, o simples fato dela existir já está acelerando a teoria dos jogos entre nações. Recentemente, políticos do Brasil, Hong Kong, Japão e Rússia propuseram a criação de suas próprias reservas estratégicas de Bitcoin. Além disso, políticos franceses também já estão abordando o assunto no parlamento europeu. De acordo com o CZ, fundador da Binance, os Emirados Árabes já estariam acumulando bitcoin e a adoção do Bitcoin como reserva estratégica será inevitável inclusive para a China devido a teoria dos jogos que envolve o tema. Esta mudança de paradigma, com os EUA potencialmente adotando uma postura pró-Bitcoin, pode desencadear uma corrida entre países para acumular Bitcoin, similar à corrida do ouro no passado. A mera possibilidade desta reserva estratégica já está influenciando outros países a considerarem seriamente o Bitcoin como reserva de valor, potencialmente levando a uma significativa apreciação do preço no médio prazo.
Outro desdobramento interessante que vem ocorrendo neste tema é o envolvimento de estados e municípios nessa discussão de reserva estratégica. Diferentemente do governo federal, que pode imprimir dólares através do Federal Reserve (FED, o banco central americano), estados e municípios americanos enfrentam limitações significativas em sua capacidade de gerenciar reservas financeiras. Esta realidade vem levando estados a considerar o Bitcoin como uma alternativa estratégica para diversificar suas reservas e se proteger contra a desvalorização do dólar. Estados como Pensilvânia e Texas estão liderando este movimento, tendo já introduzido propostas legislativas para permitir a alocação de parte de suas reservas em Bitcoin. Adicionalmente, municípios como Vancouver, no Canadá, também vem discutindo a incorporação do Bitcoin como ativo de reserva estratégica pelos mesmo motivos.
Este movimento em nível estadual é particularmente significativo porque pode criar um efeito dominó entre os estados americanos. À medida que estados pioneiros começam a acumular Bitcoin e potencialmente se beneficiam de sua valorização, outros estados podem se sentir pressionados a seguir o mesmo caminho para não ficarem para trás. O Texas, por exemplo, além de considerar o Bitcoin como reserva, também tem se posicionado como um hub para mineração de Bitcoin, aproveitando sua energia abundante e regulação favorável. A Pensilvânia, por sua vez, apresentou uma proposta que permitiria ao estado investir até 1% de suas reservas em criptomoedas, com foco especial em Bitcoin. Esta tendência sugere que o Bitcoin pode em breve se tornar um componente comum nas estratégias de reserva dos estados americanos.
Uma corrida global por Bitcoin está se formando, com países como EUA, Rússia, Japão, China e países do oriente médio discutindo ativamente a criação de reservas estratégicas. O momento é particularmente crítico, considerando que mais de 94% de todo o Bitcoin já foi minerado, deixando apenas 1,4 milhão de unidades para serem distribuídas ao longo dos próximos 115 anos. Com aproximadamente 19,6 milhões de bitcoins já em circulação e uma taxa de emissão que diminui a cada halving, a competição por essas últimas moedas promete ser intensa.
À medida que mais países começam a perceber a importância estratégica do Bitcoin, uma dinâmica sem precedentes está se formando no mercado. Esta corrida por reservas deve criar uma pressão compradora extraordinária, especialmente considerando a quantidade limitada de bitcoins disponível para distribuição entre todas as nações interessadas. Os países que agirem primeiro terão uma vantagem significativa nesta espécie de "corrida armamentista" por Bitcoin, potencialmente desencadeando uma valorização expressiva do ativo devido à combinação de escassez extrema com demanda nacional crescente. Este cenário de competição internacional por um ativo monetário escasso é algo sem precedentes na história econômica global.
Imagem 3. Medida introduzida na Câmara do Texas que propõe o estabelecimento de uma reserva estratégica de Bitcoin no tesouro texano.
Com base nessa tendência, nossas previsões para 2025 são que:
Previsão 5: Corrida global por reservas de Bitcoin se inicia Em 2025, veremos o início de uma intensa competição internacional por Bitcoin como reserva estratégica. Após a aprovação do "Bitcoin Act" nos EUA e o início das compras pelo governo americano. Isso desencadeará uma reação em cadeia e outras nações passarão a estabelecer programas similares de acumulação de Bitcoin. Esta corrida por reservas limitadas deve criar uma pressão compradora sem precedentes, visto que os estados nacionais conseguem imprimir dinheiro a custo zero. Essa teoria dos jogos é interessante pois o primeiro país que começar a imprimir grandes quantidades de dinheiro fiat para comprar o Bitcoin terá vantagens significativas de longo prazo, então os países são incentivados a imprimir dinheiro para comprar Bitcoin em grandes quantidades. Em outras palavras, o melhor resultado possível para um país é ele mesmo executar um ataque especulativo contra sua própria moeda para comprar o máximo de bitcoins possível.
Previsão 6: Movimento dos estados americanos 2025 será o ano em que veremos uma onda de estados americanos adotando o Bitcoin como reserva estratégica. O processo que começou pela Pensilvânia e Texas, verá pelo menos outros 10 estados americanos que devem aprovar legislações permitindo a alocação de 1-3% de suas reservas em Bitcoin. Este movimento será impulsionado pela onda laranja que ganhou as eleições nos EUA, pela necessidade de proteção contra a inflação do dólar e pela impossibilidade dos estados de imprimir sua própria moeda.
###ETFs superarão captação de 2024 O ano de 2024 foi marcado pelo início das negociações dos ETFs de Bitcoin à vista americanos. Esse lançamento bateu todos os recordes de captação e demonstrou como havia uma demanda reprimida por essa forma de exposição ao Bitcoin.
No primeiro ano de negociação dos ETFs de Bitcoin os investidores mostraram um apetite impressionante pelo ativo, mas o que estamos vendo pode ser apenas a ponta do iceberg. O mercado institucional tradicionalmente se move em um ritmo mais cauteloso que investidores individuais, seguindo processos rigorosos de due diligence e aprovação que podem levar meses ou até anos.
Atualmente, uma parcela significativa do mercado ainda não tem acesso direto aos ETFs de Bitcoin. Por exemplo, clientes da Vanguard, uma das maiores gestoras do mundo com US$9 tri sob gestão, ainda não podem negociar estes produtos em sua plataforma. À medida que estas barreiras são removidas e mais plataformas adicionam suporte aos ETFs, um novo universo de investidores ganha acesso ao ativo.
O lançamento dos ETFs criou uma mudança fundamental no mercado: pela primeira vez, assessores de investimento podem recomendar exposição a Bitcoin sem estar exposto ao risco reputacional que essa recomendação trazia. Antes da aprovação, muitos profissionais evitavam até mesmo estudar o ativo, já que não podiam incluí-lo em suas recomendações. Agora o risco reputacional está se invertendo e não ter uma visão e uma alocação em Bitcoin que passa a trazer risco a reputação de um alocador de capital. Desde que os ETFs foram aprovados, o trabalho de educação que vem sendo feito pelas gestoras como BlackRock, Fidelity, Ark, VanEck e Bitwise traz um peso de credibilidade nos argumentos que os bitcoiners já utilizavam há anos. Com isso, o lançamento dos ETFs de Bitcoin se tornou o lançamento de ETFs mais bem sucedido da história, sendo que o IBIT (ETF da BlackRock se tornou o ETF que atingiu a marca de US$ 50 bilhões sob gestão em menor tempo).
Imagem 4. Comparação entre a captação dos ETFs de Bitcoin e ouro de BlackRock ilustram o sucesso que foi a captação de recursos dos ETFs de Bitcoin em 2024.
Além dos assessores de investimento, os ETFs também permitiram que outros agentes do mercado possam ter exposição ao Bitcoin. Um exemplo são os fundos de pensão, que administram coletivamente mais de $50 trilhões globalmente, e que estão apenas começando a explorar alocações em Bitcoin. As posições iniciais são conservadoras, muito abaixo dos 3% sugeridos pela BlackRock como alocação ótima. Conforme estes gestores ganham confiança com os ETFs em si e observam o desempenho do Bitcoin ao longo do tempo em seus portfólios, existe uma tendência natural de aumento gradual nessas alocações.
Um exemplo de fundo de pensão que investiu em Bitcoin via ETFs em 2024 foi o fundo de pensão de Wisconsin, que alocou US$160 milhões de um total de US$155 bilhões sob gestão, ou aproximadamente 0,1%. Uma alocação que ainda representa um movimento exploratório, algo como “molhar o pé e ver a temperatura da água”. Um outro fundo de pensão que recentemente alocou em Bitcoin foi o fundo de pensão Cartwright, mas este alocou 3% do seu portfólio nos ETFs de Bitcoin. Em outras palavras, a alocação do Cartwright é 30 vezes maior do que a do fundo de pensão de Wisconsin. A tendência é que a maioria dos alocadores de capital comecem como o fundo de pensão de Wisconsin e que vários deles desenvolvam mais convicção e aumentem o tamanho da sua posição para 1-3% nos próximos anos.
Recentemente, a BlackRock emitiu uma recomendação de alocação de 2% em Bitcoin. Com base apenas nos seus ativos sob gestão (AUM) da própria BlackRock, isso representa uma injeção de US$220 bilhões. Isso é 4 vezes mais do que o IBIT, o ETF de Bitcoin da BlackRock e ETF que chegou a soma de US$ 50bi captados em menos tempo, já captou. Não é a toa que a própria BlackRock afirma que ainda estamos somente na ponta do iceberg em relação a adoção dos ETFs de Bitcoin.
A aprovação dos ETFs foi um marco regulatório que trouxe legitimidade institucional ao Bitcoin. Ela representou o início do processo de trazer clareza regulatória, e está permitindo que departamentos de compliance e comitês de investimento, tradicionalmente conservadores, comecem a desenvolver frameworks para exposição ao ativo. Este processo de adaptação institucional tende a gerar fluxos crescentes ao longo do tempo, à medida que mais instituições completam seus ciclos de aprovação.
ETF do Ouro, um análogo histórico
O padrão de adoção dos ETFs de ouro nos oferece um excelente modelo para entender como os ETFs de Bitcoin podem se comportar ao longo dos próximos anos. Nos primeiros meses após o lançamento do GLD em 2004, os fluxos foram relativamente modestos, com aproximadamente $1.89 bilhões em captação. No entanto, o segundo ano mostrou uma aceleração significativa, com os fluxos mais que dobrando para $3.43 bilhões, à medida que mais instituições completaram seus processos internos de aprovação e due diligence. Esta progressão sugere que, embora os ETFs de Bitcoin já tenham mostrado números impressionantes em 2024, 2025 pode trazer volumes ainda maiores conforme mais instituições finalizam seus processos de aprovação.
O terceiro ano dos ETFs de ouro (2006) mostrou outro salto significativo nas captações, atingindo $5.27 bilhões, impulsionado principalmente pela entrada de fundos de pensão e gestores de patrimônio que inicialmente haviam adotado uma abordagem de esperar para ver. Este padrão é particularmente relevante para Bitcoin, pois muitos fundos de pensão já indicaram interesse, mas estão atualmente em processo de análise e desenvolvimento de frameworks de alocação. A diferença é que o mercado de Bitcoin é significativamente maior e mais maduro que o mercado de ouro em 2004, sugerindo que os números potenciais de captação podem ser substancialmente maiores.
Imagem 5. Gráfico com a variação do preço do ouro desde o lançamento do GLD, o ETF de ouro, em 2004.
Um aspecto interessante do GLD foi como a crise financeira de 2008-2009 acelerou dramaticamente sua adoção, com os fluxos atingindo $21.52 bilhões em 2009. Embora não possamos prever crises futuras, o ambiente macro atual de incerteza geopolítica e monetária possui paralelos interessantes com aquele período. Os ETFs de Bitcoin têm o potencial de captar volumes ainda maiores, considerando que o ativo é visto não apenas como proteção contra inflação (como o ouro), mas também como uma aposta na transformação digital da economia.
Talvez a lição mais importante dos ETFs de ouro seja a progressão da base de investidores. O que começou principalmente com family offices e investidores de varejo sofisticados gradualmente se expandiu para incluir fundos de pensão e até bancos centrais. No caso do Bitcoin, já estamos vendo uma base inicial de investidores mais diversificada, incluindo gestores de fortunas e fundos institucionais desde o primeiro dia. Considerando que muitas plataformas importantes (como Vanguard) ainda não oferecem acesso aos ETFs de Bitcoin, e que muitos comitês de investimento ainda estão em processo de aprovação, é razoável esperar que 2025 supere significativamente os números de 2024.
De fato, o GLD apresentou um bull market de 09 anos a partir do seu lançamento, em 2004, até 2012, que pode ser visto como consequência desse ritmo institucional de alocação em novos ativos e ao cenário macro de incertezas geopolíticas. Estes dois fatores estão presentes também no momento atual, o que levanta a pergunta: será que o mesmo padrão de bull market contínuo ocorrerá com o Bitcoin? Só o tempo dirá.
Impacto das opções do IBIT no mercado institucional
O lançamento de opções sobre o ETF IBIT da BlackRock representa um avanço significativo para o mercado de Bitcoin, pois oferece aos investidores institucionais ferramentas sofisticadas de gestão de risco. Esta nova camada de instrumentos financeiros permite que gestores de portfólio ajustem sua exposição ao Bitcoin de maneira mais precisa e controlada, potencialmente incentivando maiores alocações no ativo.
Por exemplo, um fundo de pensão que hesitava em alocar em Bitcoin devido à sua alta volatilidade agora pode estabelecer uma posição e simultaneamente comprar opções de venda (puts) como proteção contra quedas significativas. Esta estratégia de hedge permite que o gestor defina com precisão sua perda máxima potencial, tornando o investimento em Bitcoin mais palatável para comitês de investimento conservadores e adequando-o a mandatos de risco mais restritos.
Gestores que possuíam alocações mínimas de Bitcoin em seus fundos devido a volatilidade agora poderão aumentar a sua alocação pois a utilização dessas estratégias de hedge permite que eles mitiguem a volatilidade.
Além disso, investidores mais sofisticados podem utilizar estratégias complexas com opções, como collars (compra de put e venda de call) para reduzir o custo da proteção, ou mesmo gerar renda adicional através da venda de calls cobertas sobre suas posições em IBIT. Estas estratégias permitem que os investidores personalizem seu perfil de risco-retorno de acordo com seus objetivos específicos, potencialmente aumentando a atratividade do Bitcoin como componente de um portfólio diversificado.
A criação de opções no IBIT não apenas facilitam o gerenciamento de risco, mas também criam novas oportunidades de arbitragem e trading que tendem a tornar o mercado mais eficiente e menos volátil no longo prazo. Em outras palavras, a criação de opções deve contribuir para que os ETFs de Bitcoin captem cada vez mais recursos.
A partir das tendências descritas acima, nossas previsões para 2025 são:
Previsão 7: a captação de $ pelos ETFs em 2025 será pelo menos 2x maior que a captação de 2024 Em 2025, os ETFs de Bitcoin devem superar significativamente os números de captação de 2024, seguindo um padrão similar ao observado nos ETFs de ouro. Com a Vanguard e outras grandes plataformas finalmente liberando acesso aos ETFs, e os fundos de pensão iniciando suas alocações ou aumentando suas alocações iniciais de 0,1% para algo mais próximo dos 2-3% recomendados pela BlackRock, devemos ver um volume de captação pelo menos duas vezes maior que 2024. Este aumento será impulsionado pela conclusão dos processos de due diligence e aprovação que muitas instituições iniciaram em 2024, e pela crescente pressão sobre gestores que ainda não possuem exposição ao ativo.
Previsão 8: boom nas estratégias com opções 2025 será marcado por uma explosão no uso de estratégias sofisticadas com opções dos ETFs de Bitcoin, particularmente pelo mercado institucional. Com ferramentas de hedge mais robustas disponíveis, fundos de pensão e gestores institucionais que inicialmente hesitavam devido à volatilidade do Bitcoin devem aumentar significativamente suas alocações. Estratégias como collars e venda de calls cobertas devem se tornar práticas comuns, permitindo que gestores conservadores aumentem sua exposição ao Bitcoin enquanto mantêm perfis de risco aceitáveis para seus mandatos. Este desenvolvimento deve criar um ciclo virtuoso onde maior proteção leva a maiores alocações.
Empresas acumulando bitcoin
A tendência de acumulação de Bitcoin por empresas como estratégia de preservação de capital está ganhando força significativa, impulsionada por diversos fatores convergentes. A combinação de níveis recordes de dívida global, pressões inflacionárias persistentes e a necessidade de alternativas ao sistema financeiro tradicional tem levado cada vez mais tesourarias corporativas a considerarem o Bitcoin como uma ferramenta de proteção patrimonial. A MicroStrategy, que iniciou este movimento de forma mais agressiva, provou ser um caso de estudo bem-sucedido, especialmente considerando o retorno substancial de seu investimento inicial.
A MicroStrategy tem liderado uma revolução silenciosa no mundo corporativo, estabelecendo um novo paradigma para a gestão de tesouraria corporativa através de sua estratégia agressiva de acumulação de bitcoin. A empresa não apenas colocou bitcoin em seu balanço, mas desenvolveu uma sofisticada estratégia de financiamento através de notas conversíveis e ofertas de ações que permite maximizar sua exposição ao ativo. O sucesso desta abordagem, evidenciado pela valorização expressiva das ações da empresa e pelo crescimento de suas reservas de bitcoin para mais de 439.000 BTCs, está inspirando outras empresas a seguirem um caminho similar.
Empresas como Semler Scientific, que vem alocando parte significativa de seu caixa em Bitcoin, e a Meta Planet, que tem consistentemente aumentado suas reservas do ativo, estão seguindo os passos da MicroStrategy, embora em escala menor. A Marathon Digital Holdings, uma das maiores mineradoras de Bitcoin do mundo, também adotou uma estratégia de HODL agressiva, mantendo a maior parte dos bitcoins minerados em seu balanço e utilizando instrumentos de dívida para financiar a expansão de suas operações sem precisar vender suas reservas e alocar parte da dívida levantada em bitcoin.
O que torna este movimento particularmente interessante é a sofisticação crescente das estratégias de financiamento empregadas. Seguindo o modelo da MicroStrategy, estas empresas estão descobrindo que podem utilizar notas conversíveis com taxas de juros extremamente baixas (às vezes levantando capital com taxa zero de juros inclusive) para financiar suas compras de Bitcoin. Esta abordagem permite que elas aproveitem o apetite dos investidores institucionais tradicionais, que não podem comprar Bitcoin diretamente devido a restrições regulatórias, mas podem investir em dívida corporativa conversível, que é um tipo de renda fixa. Vale ressaltar que atualmente existem mais de US$100 tri de capital presos por mandato a esse tipo de investimento, então a demanda pelas dívidas corporativas conversíveis de empresas que estão acumulando bitcoins tende a continuar forte em 2025.
À medida que mais empresas adotam esta estratégia e demonstram seu sucesso, um novo mercado está se formando na interseção entre finanças corporativas tradicionais e Bitcoin. Este desenvolvimento é particularmente significativo porque cria uma nova via de acesso ao Bitcoin para capital institucional, contornando muitas das barreiras regulatórias e operacionais que tradicionalmente dificultavam o investimento direto no ativo. O sucesso contínuo destas empresas, especialmente da MicroStrategy, está estabelecendo um plano que outras corporações podem seguir, potencialmente acelerando a adoção corporativa do Bitcoin nos próximos anos.
À medida que mais empresas adotam esta estratégia e compartilham suas experiências, cria-se um efeito de rede que tende a acelerar ainda mais a adoção corporativa. As empresas que adotarem Bitcoin mais cedo como reserva de valor podem se beneficiar não apenas da potencial apreciação do ativo, mas também de vantagens competitivas em termos de flexibilidade financeira e resistência a choques econômicos. Este movimento parece estar apenas começando, com a expectativa de que se intensifique significativamente nos próximos anos, especialmente conforme as pressões sobre o sistema financeiro tradicional continuam a aumentar.
Novas regras da FASB
A mudança nas regras contábeis do FASB, que passou a valer no dia 15 de dezembro de 2024, representa uma transformação fundamental na forma como as empresas podem reportar seus bitcoins. Anteriormente, as corporações eram obrigadas a utilizar o método "lower of cost or market", que criava uma assimetria significativa ao exigir o registro de perdas quando o preço caía, mas impedindo o reconhecimento de ganhos durante altas. Em outras palavras, as empresas eram obrigadas a reportar o bitcoin em seus balanços na pior cotação possível.Esta distorção nos balanços corporativos dificultava a representação precisa do valor real das posições em Bitcoin, mesmo quando estas estavam significativamente lucrativas. Isso pode parecer não ser grande coisa para um investidor pessoa física, mas para um CFO cuidando de uma empresa, essa situação representava um grande atrito desnecessário.
Com as novas regras, as empresas poderão reportar seus bitcoins pelo valor justo de mercado ("fair value"), reconhecendo tanto ganhos quanto perdas em seus demonstrativos financeiros. Esta mudança traz maior transparência contábil, permite que os balanços reflitam o valor real da posição em bitcoin e oferece melhor visibilidade para investidores. A eliminação da assimetria contábil e a redução da complexidade nos relatórios alinham o tratamento do Bitcoin com práticas já estabelecidas para outros ativos líquidos, embora isso também signifique que a volatilidade do ativo se tornará mais visível nos demonstrativos financeiros.
Esta atualização remove um dos principais obstáculos para a adoção corporativa do Bitcoin, simplificando significativamente os processos contábeis e de governança. Com um processo de reportagem mais direto e menor complexidade operacional, as empresas enfrentarão menos riscos de erros contábeis e terão maior facilidade para obter aprovações de seus conselhos. Os frameworks de compliance se tornarão mais claros, e as decisões de alocação poderão ser tomadas com base em avaliações mais precisas de risco-retorno. A mudança deve catalisar uma nova onda de adoção corporativa do Bitcoin, pois remove uma barreira técnica significativa, facilita o processo decisório em comitês de investimento e reduz consideravelmente a complexidade operacional de manter Bitcoin no balanço corporativo.
Com base nessas tendências, a previsão para 2025 que fazemos no tópico “empresas acumulando bitcoin” é:
Previsão 9: Aceleração da adoção corporativa de Bitcoin Em 2025, veremos uma aceleração significativa na adoção corporativa do Bitcoin, impulsionada pelo sucesso comprovado da estratégia da MicroStrategy e pela crescente sofisticação dos instrumentos financeiros disponíveis. Pelo menos 25 empresas de capital aberto devem seguir o "plano MicroStrategy", implementando estratégias de acumulação de Bitcoin através de notas conversíveis e ofertas de ações ATM. Com a combinação das novas regras contábeis do FASB e o crescente número de casos de sucesso, espera-se que o total de Bitcoin em balanços corporativos, que atualmente está em 576.287 BTCs, dobre e possivelmente ultrapasse os 1.200.000 BTCs em balanço, criando uma nova fonte significativa de demanda para o ativo.
A MicroStrategy
A MicroStrategy confirmou que manterá sua estratégia agressiva de acumulação de Bitcoin em 2025, através da continuidade de seu bem-sucedido programa de emissão de notas conversíveis e vendas de ações ATM (at-the-market). O "Plano 21/21", que visa levantar US$42 bilhões nos próximos três anos, sendo US$21 bilhões através de ofertas de ações e outros US$21 bilhões via notas conversíveis, continuará sendo o norte da empresa para maximizar sua posição em Bitcoin.
A estratégia da empresa tem se mostrado extraordinariamente eficaz, como demonstrado pelo impressionante yield em Bitcoin de 72,4% alcançado em 2024. A MicroStrategy conseguiu isso através de uma execução precisa de sua estratégia de financiamento, emitindo dívidas com taxas de juros cada vez menores - chegando a emitir notas conversíveis com juros zero - e aproveitando momentos estratégicos para suas vendas de ações ATM. Com isso, a empresa passou de 189.150 BTCs em caixa no dia 01 de janeiro de 2024 para 439.000 BTCs em caixa no dia 18/12/2024.
Imagem 6. Evolução da quantidade de bitcoin que a MicroStrategy tem em balanço desde o início da sua estratégia de acumulação, em 2020.
O sucesso desta abordagem está atraindo cada vez mais investidores institucionais tradicionais, como evidenciado pelo investimento significativo da Allianz nas notas conversíveis da empresa. Com a inclusão da MicroStrategy no índice Nasdaq-100 e o ambiente regulatório potencialmente mais favorável em 2025 com a nova administração Trump, a empresa está bem posicionada para continuar sua estratégia de acumulação agressiva de Bitcoin, potencialmente acelerando ainda mais o ritmo visto em 2024, quando aumentou suas reservas de Bitcoin em impressionantes 123,9%.
MicroStrategy no ETF da Nasdaq
A entrada da MicroStrategy (MSTR) no índice QQQ (Nasdaq-100) representa um marco histórico não apenas para a empresa, mas para todo o ecossistema Bitcoin. Esta inclusão significa que a MicroStrategy, que essencialmente funciona como um ETF alavancado de Bitcoin, agora fará parte de um dos índices mais acompanhados e replicados do mundo. O QQQ é o segundo ETF mais negociado nos Estados Unidos, com aproximadamente US$327 bilhões em ativos sob gestão. Ele só fica atrás do SPY, que replica o S&P 500 e possui aproximadamente US$652 bilhões em ativos sob gestão (dados do QQQ e SPY foram consultados no Tradingview no dia 17/12/2024).
O impacto desta inclusão no preço das ações da MicroStrategy será significativo devido ao fluxo passivo de capital que ela deve receber. Todos os fundos que replicam o índice Nasdaq-100 precisarão comprar ações da empresa para manter o alinhamento com o benchmark. Além disso, muitos gestores ativos que usam o QQQ como referência também podem aumentar sua exposição à empresa. Este movimento deve criar uma pressão compradora consistente sobre as ações da MSTR.
Mais importante ainda, esta inclusão representa uma legitimação adicional da estratégia da MicroStrategy e, por extensão, do próprio Bitcoin. A empresa está efetivamente levando exposição ao Bitcoin para milhões de investidores que investem em fundos passivos atrelados ao Nasdaq-100, mesmo que indiretamente. Em outras palavras, agora qualquer investidor que tenha uma alocação no QQQ tem, mesmo que indiretamente, uma exposição ao Bitcoin. Esta maior exposição ao mercado tradicional, combinada com a estratégia agressiva de acumulação de Bitcoin da empresa através de notas conversíveis e ofertas de ações, pode criar um ciclo virtuoso de valorização tanto para as ações da empresa quanto para o Bitcoin.
Estudo de caso: A Tesla e o SP500 A inclusão da Tesla no índice SP 500 (não da Nasdaq, como é o caso da MSTR) em dezembro de 2020 foi um evento significativo que gerou um impacto substancial no preço das ações da empresa. Esse movimento ocorreu porque quando uma ação é incluída em um grande índice, todos os fundos que seguem aquele índice (fundos passivos e ETFs) precisam comprar a ação para replicar sua composição.
No caso específico da Tesla, o ano de 2020 foi marcado por uma grande valorização nas ações da empresa, em parte devido a especulação que a mesma seria incluída no SP500. O anúncio da inclusão no S&P 500 foi feito em 16 de novembro de 2020, com a efetivação ocorrendo em 21 de dezembro de 2020. Entre o anúncio e a efetivação, a ação subiu aproximadamente 70%, indo de cerca de $400 para $695 por ação. Esta valorização foi impulsionada tanto pela demanda antecipada dos fundos passivos, que precisaram comprar aproximadamente $80 bilhões em ações da Tesla para manter o alinhamento com o índice, quanto por investidores ativos que compraram na expectativa dessa demanda futura.
Após a inclusão, porém, houve uma correção natural no preço, já que a pressão compradora extraordinária dos fundos de índice diminuiu. Este caso é frequentemente usado como exemplo de como a inclusão em índices importantes pode criar um efeito significativo de curto prazo nos preços das ações. Esse efeito ocorre mais relacionado à mecânica de rebalanceamento dos fundos em si do que a mudanças de fundamentos da empresa em questão. Basicamente: uma nova categoria de investidores passa a ser obrigado a ter uma exposição nas ações, o que aumenta a demanda por estas ações e consequentemente o preço das mesmas.
Imagem 7. Gráfico com o desempenho das ações da Tesla desde 2010 até 2025. A mudança de performance após a inclusão da ação no SP500 em dezembro de 2020 é notória.
Apesar dessa comparação ajudar a ilustrar o potencial que a inclusão da MSTR pelo QQQ representa, é importante colocar as coisas em perspectiva. Como dito acima, o SPY é significativamente maior que o QQQ e portanto o seu fluxo passivo também é significativamente maior.
A inclusão pelo índice SP500 é vista como mais relevante pois o SP 500 é usado como benchmark por uma quantidade muito maior de fundos de pensão, fundos mútuos e outros investidores institucionais. Além disso, muitos planos de aposentadoria (401k nos EUA) têm o S&P 500 como sua principal opção de investimento em ações.
Além disso, a inclusão no SP500 é vista como um "selo de qualidade" mais significativo que a inclusão no Nasdaq 100, pois os critérios de inclusão são mais rigorosos e o comitê do S&P tem um processo de seleção mais discricionário, enquanto o Nasdaq 100 segue regras mais automáticas baseadas principalmente em capitalização de mercado e volume. Esta diferença na magnitude dos fluxos passivos é uma das razões pelas quais a inclusão no S&P 500 geralmente tem um impacto maior no preço das ações do que a inclusão no Nasdaq 100.
Com base nessas tendências delimitadas acima, fazemos as seguintes previsões para 2025:
Previsão 10: MicroStrategy ultrapassará os 700.000 BTCs Em 2025, a MicroStrategy deve continuar sua estratégia agressiva de acumulação de Bitcoin através do "Plano 21/21", aproveitando sua inclusão no Nasdaq-100 e o ambiente regulatório mais favorável da administração Trump. Considerando o yield em Bitcoin de 72,4% alcançado em 2024 e a crescente sofisticação de suas estratégias de financiamento, a empresa deve aumentar suas reservas de Bitcoin de 439.000 BTCs para mais de 700.000 BTCs até o final de 2025, mantendo seu ritmo acelerado de acumulação através de notas conversíveis com juros próximos a zero e ofertas de ações ATM estratégicas.
Previsão 11: O Plano 21/21 e o Plano Satoshi Em 2025, a MicroStrategy deve executar de forma extraordinariamente eficiente seu "Plano 21/21", captando os US$42 bilhões previstos em tempo recorde devido à forte demanda institucional por suas notas conversíveis e ações. Diante deste sucesso excepcional, a MicroStrategy deve anunciar um novo plano ainda mais ambicioso para 2026-2028, possivelmente mirando chegar a 2.000.000,00 BTCs em sua tesouraria. Este novo programa, que será chamado de "Plano Satoshi", deve ter como objetivo acumular mais de 2 milhões de bitcoins até 2028, pouco menos de 10% do suprimento total de Bitcoin. O anúncio deste novo plano deve vir acompanhado de evidências do sucesso do plano anterior, incluindo métricas de eficiência de capital e demonstração de como a estratégia beneficiou tanto a empresa quanto seus acionistas.
Previsão 12: Rally das ações da MSTR A inclusão da MicroStrategy no Nasdaq-100 deve desencadear um rally significativo nas ações da empresa em 2025, embora não tão dramático quanto o caso da Tesla no SP500. O fluxo passivo de capital dos fundos que replicam o QQQ, combinado com a maior exposição a gestores ativos e a legitimação adicional que esta inclusão traz, deve resultar em uma valorização expressiva da MSTR nos primeiros meses do ano. Isso sem considerar ainda o potencial da MSTR de se transformar em uma memestock ao longo do bull market do bitcoin que se estenderá pelo menos até o primeiro semestre de 2025. Este movimento deve ser sustentado pela crescente aceitação institucional do Bitcoin e pelo sucesso contínuo da estratégia de acumulação da empresa.
Implicações da institucionalização na estrutura do mercado
À medida que o Bitcoin avança em sua institucionalização, observamos uma clara tendência de diminuição proporcional das moedas sob custódia direta de pessoas físicas. Este movimento é natural e esperado, refletindo a evolução do mercado de um ambiente dominado por early adopters tecnicamente proficientes para um mercado mais maduro e institucionalizado. Com a entrada de ETFs, fundos de pensão, empresas e outras instituições financeiras, uma parcela cada vez maior do suprimento total de Bitcoin migrará para a custódia institucional.
A crescente sofisticação dos serviços institucionais e a facilidade de acesso através de veículos tradicionais como ETFs torna cada vez mais atraente para o investidor médio obter exposição ao Bitcoin através destes instrumentos, em vez de lidar com os desafios técnicos e de segurança da auto custódia. Além disso, muitos investidores institucionais e corporativos são obrigados por questões regulatórias ou de compliance a manter seus ativos sob custódia de terceiros qualificados, o que naturalmente aumenta a proporção de Bitcoin sob custódia institucional.
Este fenômeno é similar ao que ocorreu historicamente com o ouro: enquanto inicialmente as pessoas mantinham o metal precioso fisicamente consigo, a institucionalização do mercado levou à predominância da custódia profissional. No caso do Bitcoin, embora a tecnologia permita que indivíduos mantenham controle direto sobre suas moedas de forma relativamente simples, a conveniência e segurança oferecidas por soluções institucionais, combinadas com a entrada de grandes players no mercado, devem continuar reduzindo a proporção de Bitcoin em auto custódia nos próximos anos.
Previsão 13: A diminuição da auto custódia
Atualmente, cerca de 15.391.000 moedas estão na mão de usuários que fazem sua própria custódia. Conforme o preço disparar nos próximos meses, naturalmente algumas dessas moedas serão vendidas por esses usuários e serão compradas predominantemente por novos investidores que estarão alocando seu capital via os ETFs ou via empresas que levantaram capital e estão convertendo seus dólares em bitcoins. No final de 2025, haverá cerca de 14.000.000 moedas de bitcoin na mão dos usuários pessoa física.
Imagem 8. Como as moedas de bitcoin estão distribuídas atualmente: em cinza, as moedas que pessoas físicas detém em auto custódia; em amarelo, as moedas que empresas listadas em bolsas possuem; em azul, as moedas de empresas privadas; em verde, as moedas dos ETFs e em vermelho as moedas que os governos controlam.
As implicações da IA no Bitcoin
Por Breno Brito, data scientist da Bipa
Não é só o Bitcoin que está prometendo revolucionar o mundo. Sem medo de ser clichê, o que popularmente conhecemos como inteligência artificial generativa está só começando a mostrar suas possibilidades. Apesar de termos um renascimento da IA por volta de 2010, a grande novidade recente está no lado “generativo”, que é justamente a possibilidade da IA criar novas formas de conteúdo com pouca supervisão humana.
Quando programamos um computador, precisamos definir exatamente o que queremos que ele faça, nos mínimos detalhes. Quando pedimos para uma pessoa comprar pão, a pessoa muitas vezes vai assumir que tipo de pão queremos, a quantidade, onde será comprado, o preço, etc. e se tiver dúvidas, vai perguntar. Nesse aspecto, a interação com uma IA generativa é muito mais parecida com uma pessoa do que um computador. Com alguma habilidade de engenharia, criamos agentes de IA, que têm ainda mais autonomia.
Entretanto, uma IA não pode ter CPF, não pode abrir uma conta no banco, não consegue ter e gastar reais, não pode ser verificado com foto para confirmar sua identidade. Por outro lado, um agente de IA pode muito bem ter uma chave privada de Bitcoin e movimentar valores e ganhar ainda mais autonomia. Esse movimento já começou com a Lightning Labs criando o L402, uma forma para agentes de IA ter acesso aos canais de pagamento de Lightning, e deve se intensificar em 2025.
Outro aspecto da IA generativa é facilitar a criação de imagens e vídeos hiperrealistas e criação de código. Isso vai ser explorado para fraudes em bancos, que são vulneráveis por dependerem de imagens de documentos e pessoas. Ao mesmo tempo, também vai facilitar a criação de inúmeras novas microempresas desburocratizadas, com modelos de negócios que antes não seriam escaláveis, e que aceitarão Bitcoin como forma de pagamento global.
Essa dificuldade de verificação e de se ter confiança em um registro de uma pessoa junto com a facilidade de escalabilidade de novos modelos de negócios vai fortalecer um movimento de comunidades locais. Isso fortalece a tese do Fedimint de federações locais de eCash usando o Bitcoin como lastro.
Com cada vez mais aproximação entre IA e Bitcoin, vamos ter também FUDs cada vez mais unificados, onde IAs sem controle vão destruir/conquistar o mundo, agora com ajuda do Bitcoin. Ou então que IAs vão usar computadores quânticos para destruir o Bitcoin. Quanto mais complexo o tópico e mais longe do cidadão comum, mais amplamente será usado para distorcer a percepção do público e gerar medo generalizado.
Com toda a agitação política acontecendo em 2025, talvez a tendência da IA generativa ainda esteja muito nascente para ser um fator relevante. Mas o que é certo é que crescerá gradualmente e depois repentinamente. Quando menos esperarmos, poderemos ter agentes de IA gerando mais movimentação de Bitcoin que muitas grandes empresas.
Previsão 14: 2025 marcará o início da convergência entre IA e Bitcoin Em 2025, a convergência entre IA e Bitcoin se intensificará, com agentes autônomos operando na rede Lightning via L402 e realizando micropagamentos sem intervenção humana. Assistentes de IA impulsionarão microempresas globais usando Bitcoin, enquanto comunidades adotarão soluções Fedimint. Apesar do FUD inevitável, até o final do ano agentes de IA começarão a movimentar volumes cada vez maiores na rede Lightning.
E o preço?
O primeiro semestre de 2025 promete ser um período de intensa euforia no mercado de Bitcoin. Historicamente, os ciclos de quatro anos do Bitcoin, marcados pelos halvings, apresentam seus picos de preço entre 12 e 18 meses após o evento - o que posiciona o primeiro semestre de 2025 como o momento provável para o ápice deste ciclo, considerando que o último halving ocorreu em abril de 2024. Este período tende a ser caracterizado por FOMO (Fear of Missing Out) generalizado, manchetes sensacionalistas na mídia tradicional, e aquela sensação característica de que "desta vez é diferente" que sempre acompanha os mercados em alta. Em momentos de exuberância, o mercado nem sempre se mantém racional e eu acredito que veremos investimentos irracionais como memecoins e terrenos no metaverso apresentando grandes valorizações. Vale lembrar que estes “ativos” não possuem fundamentos e não devem ser encarados como investimentos de longo prazo.
Entretanto, o cenário de preço para 2025 apresenta-se de forma peculiarmente binária. De um lado, temos o cenário mais conservador, onde o Bitcoin atinge aproximadamente US$250.000, impulsionado pela adoção institucional via ETFs e acumulação corporativa. Do outro, existe a possibilidade de alcançarmos entre US$500.000 a até mesmo 1.000.000 caso os Estados Unidos aprovem o Bitcoin como ativo de reserva estratégica, desencadeando uma corrida global entre nações para acumular o ativo. A diferença entre estes cenários é dramática e depende fundamentalmente de decisões políticas que serão tomadas pela nova administração americana.
Essa natureza binária do preço torna 2025 um ano particularmente difícil de fazer uma previsão, pois mesmo o cenário "conservador" já representa uma valorização expressiva em relação aos níveis atuais, enquanto o cenário mais otimista poderia marcar uma redefinição completa do papel do Bitcoin no sistema financeiro global. Em ambos os casos, o primeiro semestre do ano deve concentrar os movimentos mais explosivos de preço, seguindo o padrão histórico dos ciclos anteriores.
Uma outra questão em aberto é a duração deste ciclo. Será que veremos a repetição do padrão dos ciclos anteriores quando a duração de um ciclo era de 4 anos e estava aproximadamente associada ao halving? Ou dessa vez é diferente (a frase mais perigosa do mundo dos investimentos) e a aprovação dos ETFs e potencial aprovação de reservas estratégicas representem uma mudança de paradigma onde os fluxos de capital serão constantes pelos próximos anos (assim como ocorreu com o ouro após a aprovação de seu ETF) ? Eu particularmente acredito que o paradigma mudou sim e que teremos ciclos com padrão diferente a partir do início de 2024 com a aprovação dos ETFs. Eu acredito que veremos fundos menores e existem dois cenários para 2025: 1) aprovação da Reserva Estratégica iniciando a teoria dos jogos e catapultando o Bitcoin para patamares elevados (US$500.000 a US$1.000.000) ou 2) não aprovação da Reserva Estratégica e continuidade do padrão observado em 2024, ou seja, um mercado que foi apelidado de “crab bull market (mercado do touro e do caranguejo)”, que representa um mercado que se valoriza e corrige lateralizado e sem grandes quedas como nos ciclos anteriores Nesse segundo cenário o preço subiria de maneira consistente em movimentos de 10-30k como o movimento de novembro de 2024 e momentos de consolidação lateral que duraram semanas.
Previsão 15: O preço do bitcoin A definição do potencial de valorização do Bitcoin em 2025 passa necessariamente pela análise do cenário político americano e a possível aprovação do Bitcoin como ativo de reserva estratégica dos Estados Unidos. Esta decisão representa um divisor de águas para o mercado, pois desencadearia uma corrida global por Bitcoin entre nações, similar ao que historicamente ocorreu com o ouro. Diante desta realidade, podemos estabelecer dois cenários distintos de preço para 2025:
Cenário 1 - Com Aprovação da Reserva Estratégica Bitcoin atinge US$500.000-1.000.000, ultrapassando a metade do market cap do ouro e talvez atingindo a paridade com o mesmo. Este cenário é suportado por análises recentes da Bloomberg e Forbes, que projetam uma capitalização de mercado de US$15 trilhões para o Bitcoin nesta situação e pelo reconhecimento de diversos agentes do mercado que o Bitcoin é o ouro digital. A corrida entre nações para acumular Bitcoin como reserva estratégica seria o principal catalisador desta valorização.
Cenário 2 - Sem Aprovação da Reserva Estratégica Bitcoin alcança aproximadamente US$250.000, impulsionado principalmente pelo aumento na demanda institucional via ETFs e acumulação corporativa. Mesmo sem a aprovação como reserva estratégica, a combinação de ETFs bem-sucedidos, empresas seguindo o modelo da MicroStrategy e a clareza regulatória trazida pela administração Trump já será suficiente para criar uma pressão compradora significativa que gerará retornos significativos até o topo deste bull market.
Conclusão
O ano de 2025 promete ser transformador para o Bitcoin, marcado por uma confluência única de fatores positivos. A mudança na administração americana, com a chegada de Trump e uma equipe fortemente alinhada com o ecossistema cripto, deve estabelecer um ambiente regulatório mais favorável e potencialmente elevar o Bitcoin ao status de ativo de reserva estratégica nacional. Esta mudança política, combinada com a maturação dos ETFs e a crescente sofisticação dos instrumentos financeiros disponíveis, sugere um cenário extremamente bullish para o ativo.
A institucionalização do Bitcoin deve acelerar significativamente, com bancos tradicionais oferecendo serviços relacionados ao ativo, empresas seguindo o modelo bem-sucedido da MicroStrategy, e uma explosão no uso de estratégias sofisticadas com opções. Paralelamente, desenvolvimentos tecnológicos como a convergência entre IA e Bitcoin através da rede Lightning prometem abrir novos horizontes de utilização e adoção. O mercado está claramente entrando em uma nova fase de maturidade, onde a questão não é mais "se" mas "quanto" as instituições devem alocar em Bitcoin.
A recomendação recente da BlackRock de uma alocação de 2% em Bitcoin oferece uma perspectiva interessante sobre o potencial do ativo. Considerando que o mercado global de reservas de valor possui aproximadamente US$900 trilhões, uma alocação de 2% significaria um market cap de US$18 trilhões para o Bitcoin - curiosamente, próximo ao atual market cap do ouro. Este dado reforça o potencial do Bitcoin como "ouro digital" e sugere que o cenário de US$500.000-1.000.000 por Bitcoin não é apenas possível, mas fundamentalmente justificável dentro de uma perspectiva de alocação global de ativos.
Caso o Bitcoin seja aprovado como ativo de reserva estratégica dos EUA, podemos ver uma corrida global sem precedentes pelo ativo, potencialmente levando seu preço a patamares entre US$500.000 e US$1.000.000. Mesmo no cenário mais conservador, sem esta aprovação, a combinação de fatores positivos já estabelecidos sugere um preço próximo a US$250.000. Em qualquer cenário, 2025 promete ser um ano histórico para o Bitcoin, possivelmente marcando sua transição definitiva de um ativo especulativo para um componente fundamental do sistema financeiro global.
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Escrito por Caio Leta

