Valuation potencial do Bitcoin a partir do M2 global
Produzido dia 28 de julho de 2025
No Bipa Pills de hoje, vamos discutir como a expansão da base monetária global influencia na valorização do Bitcoin e como esse processo seguirá evoluindo ao longo do tempo
Para isso, vamos falar:
- Porque as impressoras do mundo não param
- Valuation implícito do Bitcoin em relação ao M2 global
- Cenários distintos e seus reflexões no preço
- Visão dessa macrotendência no longo prazo
- Porque o Bitcoin vai para a lua!
Então pegue seu café e boa leitura!
A expansão da base monetária global
No Bipa Pills passado, falamos bastante sobre como as bases monetárias de diversos países se comportam ao longo do tempo. Hoje, vamos mostrar como essa expansão de base monetária se reflete no Bitcoin.
Mas primeiro, vamos fazer uma breve síntese sobre o tema expansão da base monetária e sua conexão com o Bitcoin. Desde 1971, quando os EUA abandonaram o padrão-ouro, o dólar passou a ser uma moeda totalmente fiduciária, ou seja, pode ser criada “do nada”, sem necessidade de lastro. A partir de 2008, com a crise financeira global, o ritmo de impressão monetária acelerou ainda mais. E em 2020, com a pandemia, a criação de dinheiro atingiu níveis históricos. O resultado? O M2, uma métrica que representa o total de dinheiro em circulação e em contas bancárias de fácil acesso, disparou.
O M2 global tem crescido de forma contínua, pois sempre que o governo imprime mais moeda para estimular a economia, esse número sobe. Só nos EUA, o M2 passou de $8 trilhões em 2010 para mais de $20 trilhões em 2024, enquanto que o M2 global ultrapassa os $100 trilhões atualmente.
O M2 e sua diferença para ações, imóveis e Bitcoin
Quando falamos que o Bitcoin pode "absorver o M2 global", estamos nos referindo a uma métrica importante do sistema monetário: a quantidade de dinheiro que existe em circulação na economia. Mas o que exatamente está incluído nesse tal de M2, e qual a sua diferença para ativos como ações, imóveis ou até mesmo o próprio Bitcoin?
O M2 é uma medida da oferta monetária de um país. Ele representa o volume de dinheiro que está efetivamente disponível para circular, ou seja, que pode ser usado com relativa rapidez para transações, consumo ou poupança. Isso inclui o dinheiro físico (notas e moedas), os depósitos em conta corrente (também chamados de depósitos à vista), contas de poupança, e instrumentos financeiros altamente líquidos, como certos tipos de depósitos a prazo e fundos de mercado monetário.
A imagem acima é uma estimativa do M2 global. Nela, nota-se que houve uma breve retração do M2 entre 2022 e 2024, quando os bancos centrais mundiais tentaram retirar de circulação um pouco do excesso de dinheiro que foi colocado em circulação devido a pandemia de Covid, mas que o crescimento já foi retomado em 2025.
O M2 é o dinheiro da carteira e não da aplicação financeira para o longo prazo, ou seja, ele é basicamente o dinheiro que "está no tanque", pronto para ser usado.
Já ações, imóveis ou ouro não fazem parte do M2. Eles são considerados ativos de investimento, ou seja, formas de aplicar o dinheiro do M2 em algo que tenha potencial de valorização, mas que não serve diretamente como meio de troca. Você não paga um café com ações da Apple ou um metro quadrado de um apartamento em São Paulo. Esses ativos podem até ser vendidos para gerar liquidez, mas enquanto estiverem investidos, eles estão fora da conta do M2.
Existe, no entanto, uma ponte entre esses mundos. Quando alguém vende um imóvel e recebe o pagamento em conta corrente, esse valor passa a compor o M2. O mesmo ocorre com ações ou fundos: vender ativos e deixar o dinheiro parado no banco faz com que ele volte a ser contabilizado na oferta monetária, pelo menos até que ele seja reinvestido em algum outro ativo.
É por isso que, ao pensar no Bitcoin como uma alternativa ao sistema financeiro tradicional, é importante distinguir duas formas de uso distintas e seus respectivos processos de adoção: Bitcoin como reserva de valor e Bitcoin como meio de troca. No momento atual, o Bitcoin está se consolidando primeiro como um ativo escasso, previsível e resistente à inflação, características que o tornam cada vez mais competitivo frente a outras formas de proteção patrimonial, como ações e imóveis. Como o capital é finito, alocar em Bitcoin significa deixar de alocar nesses outros ativos. Assim, à medida que investidores passam a ver o Bitcoin como uma reserva de valor superior, ele começa a absorver parte do capital que antes era destinado ao mercado acionário e imobiliário.
Num segundo momento, à medida que sua liquidez, infraestrutura e adoção global aumentam, o Bitcoin se consolidará também como meio de troca eficiente, neutro e incensurável. Nesse estágio ele irá capturar valor diretamente da base monetária em circulação, uma vez que passará a ser utilizado no dia a dia para pagamentos, transações e transferências, substituindo gradualmente o papel do dinheiro fiduciário nas economias. Nesse cenário, o Bitcoin não estará apenas competindo com investimentos tradicionais, mas também com o próprio dinheiro circulante, tornando-se parte ativa do sistema de liquidez global.
Valuation implícito do Bitcoin devido ao M2 global
Neste artigo, quando falamos em valuation implícito do Bitcoin devido ao M2 global, estamos nos referindo a uma estimativa teórica de quanto valeria cada unidade de BTC se ele viesse a capturar parte, ou até a totalidade, da base monetária global, ou seja, se ele for usado como meio de troca. É como perguntar: “E se todo o dinheiro em circulação do mundo fosse convertido em Bitcoin, quanto cada moeda de BTC valeria? E se apenas a metade do dinheiro em circulação fosse convertido?”.
A base dessa conta é simples: a oferta total de Bitcoin é limitada a 21 milhões de unidades. Já a quantidade de dinheiro em circulação, medida pelo M2, cresce continuamente, à medida que os bancos centrais imprimem moeda para estimular suas economias. Em 2024, o M2 global é estimado em torno de US$ 110 trilhões. E a tendência é que o M2 global siga subindo constantemente, visto que os governos seguem tendo déficits fiscais.
Se dividirmos esse valor total pelos 21 milhões de Bitcoins, obtemos um valuation implícito de aproximadamente $ 5,2 milhões por BTC. Esse é o teto teórico atual de 100% do M2 sendo absorvido pelo Bitcoin. Talvez alcancemos um patamar de captura de 80% em 50 ou 100 anos, quando o BTC for o meio de pagamento que domine o mercado, mas até lá, o interessante é analisar cenários mais realistas no curto e médio prazo: e se o Bitcoin capturasse apenas uma fração do M2 global?
Nesse caso, temos:
Com 5% do M2 global em Bitcoin → cerca de $ 261 mil por BTC
Com 10% → $ 523 mil
Com 50% → $ 2,6 milhões
Com 100% → $ 5,2 milhões
Esse tipo de análise não serve como uma previsão de preço, mas como uma ferramenta para entender o potencial de valorização do Bitcoin. Ela nos ajuda a visualizar o que pode acontecer caso o mercado passe a tratar o BTC não apenas como um ativo especulativo ou uma reserva de valor global, mas também como um meio de pagamento global descentralizado e neutro. Em outras palavras, esses valuations implícitos acima mostram basicamente o quanto de valor deverá ser adicionado ao preço do Bitcoin conforme seu uso como meio de troca seja mais adotado.
O que esse exercício nos ensina?
Esse exercício intelectual nos ensina algo fundamental: para ocorrer valorização, o ativo não depende de hype, marketing ou especulação, mas sim de matemática monetária básica.
No sistema financeiro tradicional, a quantidade de dinheiro em circulação cresce continuamente. Bancos centrais como o Federal Reserve, o Banco Central Europeu e o Banco Central brasileiro expandem suas bases monetárias ano após ano, seja para financiar déficits, socorrer mercados ou estimular a economia. Desde 2008, e especialmente após 2020, essa expansão se acelerou de maneira dramática em todo o globo.
Em contraste, o Bitcoin foi projetado para ser o oposto disso. Ele possui uma oferta absolutamente limitada: nunca existirão mais do que 21 milhões de unidades. Além disso, sua emissão segue um ritmo previsível e decrescente, com os halvings reduzindo pela metade a criação de novos Bitcoins a cada quatro anos. Isso significa que a escassez do Bitcoin aumenta com o tempo, exatamente o oposto do que acontece com moedas fiduciárias.
Esse contraste entre expansão infinita do dinheiro fiat e escassez programada do Bitcoin cria uma pressão estrutural de valorização para o BTC. Se o número de dólares, euros e reais cresce continuamente, e o número de Bitcoins permanece constante, o resultado é inevitável: mais moeda fiat perseguindo a mesma quantidade de Bitcoin. Ao longo do tempo, essa tendência deve aumentar o valor do Bitcoin.
Esse contraste é poderoso: enquanto o dólar se desvaloriza com o tempo, o Bitcoin se torna mais escasso. Por isso, a valorização do Bitcoin é, antes de tudo, uma consequência lógica da sua arquitetura monetária. Ela não depende de “torcida”, propaganda ou modismos de mercado. É uma resposta natural à dinâmica de oferta e demanda num mundo onde o dinheiro perde valor e o Bitcoin continua sendo exatamente o que sempre foi: escasso, previsível e resistente à inflação.
Uma coisa é certa: enquanto os governos continuarem operando em déficit, as bases monetárias seguirão se expandindo e o valuation hipotético do Bitcoin como meio de trocas seguirá crescendo.
Por que o Bitcoin ainda vai para a lua?
Apesar de já ter se tornado um ativo trilionário, o Bitcoin ainda está apenas no começo de sua trajetória de valorização. Isso porque o Bitcoin tem potencial para absorver liquidez tanto da base monetária global, via seu uso como meio de troca, como para absorver liquidez do mercado tradicional, via seu uso como reserva de valor.
Se quisermos estimar até onde o valor do Bitcoin pode chegar, basta fazer um exercício simples: observar o tamanho de cada um dos mercados que ele tem potencial de substituir (pelo menos) parcialmente.
Fonte: Jesse Myers
Vamos começar com o mercado acionário global, que supera $ 135 trilhões. Boa parte desses investimentos está alocada em empresas como forma de preservar valor ao longo do tempo, principalmente em tempos de juros baixos. À medida que o Bitcoin se consolida como reserva de valor superior, ele pode capturar uma fatia relevante desse mercado. Vamos usar números conservadores e estimar que o Bitcoin capture apenas algo como 5% ou 10% do mercado acionário, já estamos falando de $ 6,75 ou $ 13,5 trilhões de dólares, valor que supera em muito os cerca de $ 2 trilhões de valor de mercado que o Bitcoin detém atualmente.
O mesmo vale para o mercado imobiliário global, avaliado em mais de $ 370 trilhões. Muita gente compra imóveis não apenas como moradia, mas também como forma de investimento e de proteção patrimonial. Se o Bitcoin for percebido como alternativa mais líquida, escassa e portátil, parte do capital alocado no mercado imobiliário também tende a migrar. Se assumirmos os mesmos 5% a 10% do pensamento anterior, estamos falando de potencialmente $ 18,5 trilhões a $ 37 trilhões respectivamente.
Temos ainda o mercado de renda fixa (títulos públicos e privados), com valor global superior a US$ 318 trilhões, e o próprio M2 global — a base monetária líquida que serve como meio de troca, estimada acima de $ 110 trilhões. Com o tempo, a tendência é que o Bitcoin substitua parte do mercado de renda fixa e parte do dinheiro em circulação, à medida que for adotado como meio de pagamento.
Não podemos esquecer dos US$ 22 trilhões em ouro e dos US$ 27 trilhões em arte e objetos de luxo, que também funcionam como reservas de valor em cenários de incerteza.
Somando tudo, temos um universo de mais de US$ 1.000 trilhões em ativos que o Bitcoin pode, ao menos parcialmente, substituir. Mesmo capturando uma fração disso, digamos entre 1% e 10%, estaríamos falando de um valor de mercado entre $10 trilhões e $ 100 trilhões, capitalizações de mercado muito superiores aos $ 2 trilhões atuais, o que significa uma multiplicação hipotética de pelo menos 5x, podendo chegar a 50x tranquilamente.
E esse é o ponto: o Bitcoin ainda está barato.
No longo prazo, o preço do Bitcoin será o resultado da somatória de diferentes demandas convergentes. De um lado, o Bitcoin está capturando capital de investidores que antes alocavam em ações, imóveis, ouro ou obras de arte como forma de proteção patrimonial. À medida que o Bitcoin se consolida como reserva de valor superior, escassa e portátil, ele começa a substituir parcialmente esses ativos tradicionais. Por outro lado, o Bitcoin também tende a se consolidar como meio de pagamento global, absorvendo parte da liquidez que hoje está no M2. Assim, seu valor será determinado não por um único mercado, mas pela integração de várias funções monetárias, todas ancoradas por uma oferta absolutamente limitada de 21 milhões de unidades.
Em outras palavras, Bitcoin ainda está em promoção, apesar de estar próximo da sua máxima histórica, pois o seu potencial de crescimento ainda é enorme no longo prazo.
Então aproveite enquanto o Bitcoin ainda está em promoção e faça seu DCA com a Bipa!
Por essa semana é só, bom final de semana e até o próximo Bipa Pills
Continue sua leitura


Escrito por Caio Leta


Escrito por Caio Leta

